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Breve Eternidade

Iniciado por Misty, 04/03/2014 às 02:12

04/03/2014 às 02:12 Última edição: 06/09/2014 às 17:10 por Mistyrol
- Breve Eternidade -

A ideia disso tudo, inicialmente, era criar apenas um pequeno texto em homenagem ao meu irmão [user]Vash[/user], então foi escrito o primeiro capítulo e tudo seria encerrado exatamente ali. Porém, devido à alguns pedidos e também por vontade própria, eu resolvi escrever o segundo capítulo, e assim até o terceiro, quando decidi que tornaria essa história em uma pequena saga.

Pretendo não me alongar muito nessa introdução, então, espero que vocês gostem bastante da história, pois, independente disso eu continuarei escrevendo pois eu tenho um apego especial por ela. Agradeceria muito qualquer tipo de feedback que vocês queiram deixar aqui no tópico, pois, acreditem ou não, sem os feedbacks é meio complicado escrever e saber se isso está agradando ou não.

Sem mais delongas, Breve Eternidade para vocês.




Capítulo 1 » Sabia que te encontraria aqui!


Spoiler

– Sabia que te encontraria aqui! –


       Minhas mãos tremiam, meu corpo estava encharcado de tanto suor e minhas pernas já estavam bambas. Já não fazia mais parte daquele plano, minha visão estava tão turva que se visse um palmo à minha frente consideraria muito, tendo em mente que estava tão cansando que poderia morrer ali mesmo. O calor era forte e a intensidade que meu coração batia se equiparava a ele, estava eu, deitado sobre o solo banhado a sangue, esperando pacientemente a chegada de minha morte, sem nenhuma esperança sequer. Não conseguia sentir outra coisa além de decepção, nada além de remorso por não ter conseguido alcançá-lo, talvez se eu fosse como ele eu poderia estar em outra situação e não aqui, deitado, conformado com a morte.
       – Romiel, vamos, se levante! – ouvi essa voz chamando por mim, não estava certo de quem ou o que ela poderia ser. – Você precisa ir para um lugar seguro. Consegue se levantar?
       Após ouvir isso, algo toca minhas costas e me puxa, virando minha cabeça para cima. Pude ver que era Victorio, meu único e fiel amigo, e também colega de tropa. Por um momento eu fiquei feliz em vê-lo pela última vez, cheguei a dar um leve sorriso de despedida.
       – Victorio, você é quem precisa ir para um lugar seguro, já é tarde demais para eu continuar batalhando, você ainda pode se salvar. – disse a ele, um pouco ofegante pelo cansaço.
       – Não! – gritou. – Eu não vou te deixar aqui, eu não deixarei que aquilo aconteça de novo. – após dizer essas palavras, sem nenhum tipo de cuidado, Victorio me colocou sobre seus ombros e correu, com o impacto da corrida acabei perdendo a consciência e não me lembro do que aconteceu depois.
       Ainda um pouco atordoado pelo cansaço, recobrando minha consciência lentamente, pude perceber que estava deitado em uma cama tão macia que parecia estar deitado sobre as nuvens, mas essa sensação passou rapidamente quando notei que meu corpo todo estava dolorido e minhas mãos com ataduras, que mais ardiam do que qualquer outra coisa. Levantei a cabeça e olhei um pouco ao redor, tardei um pouco para perceber que estava na casa de Victorio, deitado sobre uma cama que provavelmente era dele, o que parecia um tanto estranho pois, mesmo que fossemos amigos muito próximos, jamais cheguei a conhecer nenhum outro cômodo de sua casa além da sala e o banheiro. O quarto, apesar de pequeno e muito simples, era bem arrumado. Ao lado da cama, havia um caixote onde estava um caneco com um pouco de café quente, ao lado um pequeno porta-retratos com uma foto de Victorio junto de uma garota não muito diferente dele, aparentemente uma irmã. Posicionada ao lado da cama, havia uma cadeira e nela estava sentado Victorio, que estava polindo sua espada.
       – Parece que já está se sentindo melhor! – disse ele, esboçando um pouco de contentamento. – Você me deixou muito preocupado, por um momento pensei que morreria naquele campo de batalha.
       – Eu já estava conformado com a minha morte, estava apenas esperando sua chegada. – disse enquanto sentava na cama. – Ainda não posso acreditar que você conseguiu me salvar e sair inteiro daquele campo de batalha.
       – Você me deu um grande prejuízo, sabia? Deixei um de meus melhores escudos para poder te carregar.
       – Bom saber que valho menos que seu escudo, Victorio! – exclamei. – Mas, me diga, qual a nossa situação dentro da guerra?
       – Acabou, nós vencemos. – disse ele, colocando sua espada novamente dentro da bainha. – Se você não tivesse dormido durante três dias e duas noites, saberia disso.
       – M-Mas o quê? Como assim três dias seguidos? Você deve estar brincando! – fiquei realmente agitado em saber que havia dormido todo esse tempo, porém é compreensível pois meu estado de exaustão era fora do normal.
       – Não estou brincando, você realmente dormiu três dias. Nem notou que o deixei sozinho aqui enquanto voltei para o campo de batalha. Acabou, a resistência não foi capaz de nos vencer, agora estão tratando de refazer os acordos e todas aquelas coisas que você deveria participar, não é mesmo, senhor sacerdote? – enquanto dizia essas palavras, se levanta. – Não se preocupe tanto, Romiel, você ainda precisa descansar bastante para que possamos continuar o nosso treinamento, por que não dorme mais um pouco?
       – Eu estou bem, Victorio, só estou com muita fome e realmente preciso de algo para comer. – disse enquanto me levantava da cama. – Acho que você poderia me servir algo enquanto me conta os detalhes sobre o fim da guerra.
       Seguimos em direção à pequena cozinha que ficava próximo ao quarto improvisado. Antes mesmo de eu chegar ele já estava me servindo um caneco com café, o que era estranho de certo modo pois, normalmente, ele mandaria eu me virar sozinho. Fiquei calado por alguns segundos sem ter algum assunto para iniciar uma conversa, resolvi perguntá-lo sobre a guerra.
       – Então quer dizer que nós vencemos a guerra? – perguntei, levando o caneco à minha boca.
       – Sim, foi uma batalha difícil, você teve sorte de não participar até o fim. Perdemos muitos homens e a cidade sofreu muitos danos, mas, pelo menos, essa maldita guerra terminou. – me respondeu, mostrando indignação.
       – Esse não será a última guerra que enfrentará, a situação política de Valflera é muito instável para que tudo termine aqui, mesmo que esta guerra tenha sido travada por outras questões, é difícil se contentar com essa breve paz. – disse, fazendo uma pequena pausa para tomar um gole de café.
       – Você sempre faz isso, Romiel! – exclamou. – Sempre começa a tagarelar e aos poucos forma milhares de teorias. Você sabe que eu sou um General, meu trabalho não é cuidar dessa parte política. – um pouco desconfortável com o assunto, ele disse.
       – Ou talvez você que não entenda muito bem essas coisas. Você sequer reconhece o esforço que faço para explicar de uma maneira que você entenda. – sorri. – Mas sua cabeça de vento nem presta a atenção.
– Não quero mais falar sobre isso. – ele disse, sorrindo levemente.
       – Apenas por curiosidade, Victorio, quem é a mulher que está junto de você naquele pequeno porta-retratos ao lado da cama? – perguntei aleatoriamente, em uma tentativa de mudar de assunto.
       – Minha irmã. – disse ele mudando sua expressão alegre para uma triste em fração de segundos.
       – Veja só! – exclamei. –  Não sabia que você tinha uma irmã, por onde ela anda?
       – Ela está morta. – evitando qualquer eufemismo, disse essas palavras com um tom de remorso, deixando nítida sua tristeza, expressão que jamais pensei em ver no rosto dele.
       – Me desculpe, eu não tinha ideia. – fiquei realmente constrangido com a situação.
       – Não.. Não se preocupe. Nós somos amigos ha tanto tempo e ainda não te contei sobre ela, acho que dessa vez você me pegou. – com um leve sorriso forçado no rosto, ele disse, se servindo de mais café. – Pois bem, te contarei a história toda, mas antes coma um pouco.
       – Está tudo bem caso não queira me contar. – disse eu. – Só perguntei por curiosidade, se você não me contou até hoje é porque deve ter um bom motivo.
       – Fique tranquilo! – exclamou. – Não tem problema nenhum. Você se lembra quando estava caído no campo de batalha e eu lhe disse que não queria deixar que aquilo acontecesse novamente? – me perguntou, apenas consenti  balançando a cabeça positivamente. – Isso aconteceu faz um bom tempo, eu era um recém-formado na academia e aquela seria a minha primeira missão. Eu deveria invadir um acampamento de um país oposto à Valflera, não era uma missão complicada, pelo menos no papel não parecia ser. – fez uma pequena pausa e tomou um gole de café. – No dia em que deveríamos partir, nossa cidade foi ataca de surpresa por esse acampamento, na realidade não passava de uma fachada para que eles pudessem invadir sem que déssemos conta disso. Eu já estava no quartel general pronto para deixar o país quando o ataque começou, e eu, claro, fui obrigado a lutar com unhas e dentes.
       – Por Nyantha! – exclamei, o interrompendo. – Quer dizer que sua irmã foi assassinada por um dos invasores?
       – Não exatamente. – ele cruzou os braços e levou uma de suas mãos ao queixo, se mostrando pensativo. – Poucas pessoas tinham conhecimento sobre isso, mas eu ensinei minha irmã como se defender. Ensinei apenas o básico a ela, não fazia ideia de que ela havia estudado por conta própria os caminhos da magia e se tornado uma maga de mão cheia, foi surpreendente quando ela me pediu para lutar. Eu não tinha como impedir, era uma garota de personalidade forte, por isso resolvi deixar ela lutar, e foi então... – Victorio ficou quieto por alguns segundos, baixou a cabeça, pude notar que ele tremia um pouco. – Se eu não tivesse deixado ela sair, se em vez de deixar ela lutar eu a escondesse em um lugar seguro, ela ainda poderia estar aqui, eu sou o culpado pelo que aconteceu com ela, Romiel.
       – Não diga besteiras, Victor! – Victor, é assim que o chamo quando quero que ele preste mais a atenão no que eu estou dizendo. – Você não tinha como prever que essa fatalidade aconteceria.
       – É claro que a culpa é minha! – ele colocou suas mãos sobre o balcão.
       – Você apenas confiou em sua irmã, você não poderia ter feito nada, acredite, não é culpa sua. – nunca pensei que seria tão complicado consolar uma pessoa, é um sentimento de impotência e tristeza que não desejo para meu pior inimigo.
       – Você não sabe de nada! – após dizer essas palavras ele foi até a sala, pegou sua espada e saiu correndo de dentro da casa, deixando a mim e tudo o que tinha ali para trás.
       De início eu me senti um pouco culpado pela situação, talvez se eu não tivesse tocado no assunto nós ainda poderíamos estar conversando enquanto tomamos o nosso café. Eu estava na casa dele, então para não incomodar mais, eu resolvi me vestir e empunhar o meu cajado, esperando que ele voltasse e assim pudesse agradecê-lo e partir, porém não tive tempo de esperar. Quando acapara de calçar minha segunda bota, a porta do pequeno casebre se abre com tamanha força que quase se quebrou, por ela adentrou um dos soldados do reino, muito ofegante e aparentava estar preocupado.
       – General Victorio, senhor! – disse o soldado que praticamente derrubou a casa. De início ele ficou me olhando um tanto desconfiado, parecia não ter me reconhecido, mas após alguns segundos me encarando ele percebeu que não estava falando com Victorio. – Oh! Desculpe-me pelo mau jeito, Lorde Romiel. Onde está o General Victorio, por gentileza, tenho uma mensagem importante para ele.
       – Não há necessidade de ser tão formal. Infelizmente não tenho nenhuma informação do General Victorio desde que ele saiu de repente daqui, não faz muito tempo que ele deixou o local, mas, se essa mensagem puder ser passada a mim, não se acanhe em dizer.
       – Compreendo, Milorde. Eu tenho ordens para entregar a mensagem para o primeiro superior que encontrar, caso não conseguisse fazer contato com o General. A mensagem vem direto de vossa alteza, o grande rei Ramidas, é uma convocação para que todos os superiores se reúnam na sala de reuniões do palácio o mais rápido possível.
       – Hmm – resmungo. – Uma crise? Se o rei convocou todos os superiores deve ser algo de extrema importância, você não acha? – perguntei ao soldado.
       – Positivo, Milorde. Não tenho informações maiores sobre o que isso possa significar, porém uma das especificações dizia que a Operação Princesa estava prestes a se iniciar. Lorde Romiel, perdoe minha grosseria, porém eu preciso entregar esta mensagem para outros superiores. Permissão para me retirar, Milorde?
       – Permissão concedida. – disse, gesticulando para que ele pudesse sair da casa. – Então a Operação Princesa começará? Preciso procurar pelo Victorio o mais rápido possível.
       Juntando o restante de meus pertences enquanto o soldado deixava a casa de Victorio, escrevi um pequeno bilhete dizendo para que, caso ele voltasse e eu não estivesse mais na casa, que ele fosse imediatamente para o palácio, desse modo pouparíamos tempo. Peguei o meu cajado e deixei a casa, fechando a porta ao sair, e então iniciei minha busca por Victorio aos arredores da cidade. Andei por muito tempo, perguntei à muitas pessoas que me deram informações vagas sobre onde ele poderia ter ido e eu não poderia perder mais tempo procurando por ele, afinal, um dos sumo sacerdotes do reino não pode faltar na reunião. Mas, algo me dizia que eu deveria procurar por ele um pouco mais, procurar em um lugar onde ele, com certeza, estaria e o lugar deveria ter uma ligação forte com ele. Pensei por um tempo, passaram milhares de lugares pela minha mente, mas todos eles eram vagos demais para ir, até que tive um ponto de luz que poderia ser uma pista mais concreta. Segui meu caminho pelas longas ruas de Valflera, andei por um tempo razoavelmente longo, me distanciando um pouco da cidade até que chegasse ao cemitério, lugar que seria minha nova moradia caso Victorio não salvasse minha vida. O cemitério estava muito bem conservado, haviam flores espalhadas por todo lugar, andei um pouco até que pude avistar Victório, ele estava sentado sobre um túmulo que estava rodeado de flores de diversos tipos. Para não assustá-lo, me aproximei devagar e pude notar que o nome que estava na lápide era "Rayne Sehnum", o mesmo sobrenome que o de Victorio, então me aproximei um pouco mais.
       – Sabia que te encontraria aqui. – disse para Victorio.
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Capítulo 2 » Operação Princesa.


Spoiler

– Operação Princesa –


       Perdi boa parte do dia procurando por Victorio e nesse meio tempo eu poderia estar na reunião recebendo mais informações sobre o início da operação, mas seria desonesto de minha parte deixá-lo aqui, desonesto e cruel, tendo em mente que a culpa disso ter acontecido era minha.
       – Rayne Sehnum? Então este era o nome dela? – perguntei, aproximando-me um pouco mais dele, mas ainda mantendo uma pequena distância.
       – Sim, ela era realmente muito parecida comigo, mesmo depois desses anos todos eu não consigo acreditar. – disse ele, continuando de costas e sentado.
       – Escute, Victorio, me desculpe por isso, eu não fazia ideia do que tinha acontecido. – tentei me desculpar com ele por acabar me intrometendo em seus assuntos pessoais.
       – Não, sou eu quem devo pedir desculpas por fazer você presenciar aquela cena patética. – disse enquanto levantava. – É apenas complicado para mim aceitar que ela não está mais aqui, é uma dor que não passa de jeito nenhum e por mais que eu tente, não consigo deixar de pensar nisso um minuto sequer.
       – Eu entendo o que você quer dizer. – na realidade eu não compreendia. Eu nunca tive pessoas que eu pudesse considerar como meus familiares, desde pequeno vivo sozinho e o mais próximo que tive disso foi o próprio Victorio. – Eu não quero parecer rude ou grosseiro, mas eu tenho algumas informações importantes e não podemos perder mais tempo aqui.
       – Como assim informações importantes? Alguma coisa aconteceu enquanto estive fora? – ele se exaltou um pouco, deixando nítida sua curiosidade sobre o assunto.
       – Para dizer a verdade nem eu sei muito bem o que aconteceu. Quando você saiu da casa, logo em seguida um soldado mensageiro disse que o rei está nos convocando para uma reunião às pressas.
       – Uma reunião? – questionou. – E quando será essa reunião?
       – Está acontecendo nesse momento, provavelmente.
       – Mas o quê? – ele questionou, deixando clara sua preocupação. – Como assim está acontecendo agora e estamos aqui conversando?
       – Sim, nesse momento. Era uma reunião de emergência, acredito que se corrermos conseguimos chegar antes que ela termine. Vamos? – já tomei partida na caminhada, tendo certeza que Victorio me seguiria pois ele é muito sistemático com suas responsabilidades.
       Nós então seguimos o nosso caminho de volta para a cidade. Caminhamos um bom tempo até que chegássemos ao palácio, tendo em vista que o cemitério é um pouco distante do centro de Valflera, onde se localiza o palácio. Mesmo que tenhamos andado rápido, o percurso era longo demais para chegarmos cedo, mas ainda tinha esperanças de não faltarmos na reunião. Entrando no palácio, a minha mente ficou um tanto conturbada com a aglomeração de pessoas e com o verdadeiro caos que se encontrava o lugar, as pessoas corriam de um lado para o outro como se algo realmente importante tivesse acontecido, o que me fez lembrar que o soldado mensageiro disse que toda essa movimentação seria por conta do início da Operação Princesa, a mesma que está sendo planejada pelo rei e seus subordinados já se faz alguns meses, e seus detalhes todos omitidos.
       Victorio ficou muito surpreso com toda aquela movimentação e parecia estar um tanto perdido ali, o que era algo difícil de ver, Victorio sempre tem o raciocínio mais rápido de todos e consegue se localizar com facilidade. Após olhar de um lado para o outro feito uma criança, ele desistiu de tentar entender o que se passava e resolveu me perguntar da boa e velha maneira de sempre, utilizando poucas palavras, eu normalmente sou a única pessoa que o compreende, o que nunca me incomodou.
       – Romiel! O que passa? – perguntou apenas isso e ficou me olhando com os olhos saltados.
       – Difícil dizer o que está acontecendo exatamente. – levo uma de minhas mãos ao queixo, me mostrando pensativo – Veja bem, Victor, eu também estive fora da cidade, então não posso dizer com precisão o que de fato é o motivo desse alvoroço todo, mas posso presumir que isso se dá pelo início da Operação Princesa, o que faz tornar o alvoroço ainda mais estranho, pois era uma operação secreta e não teria motivos para todos estarem tão agi... – sou interrompido por Victorio.
       – Romiel, você não precisa me contar a história da sua vida, só peço que me explique o que está acontecendo, agora não é hora de suas teorias.
       – M-Me desculpe. – me recomponho. – Como dizia, a Operação Princesa teve seu início e nós fomos convocados para discutir maiores detalhes sobre a ela, porém não tenho maiores informações do que exatamente estão discutindo lá, me desculpe por isso.
       – Pare de se desculpar por qualquer coisa, até parece que somos estranhos. Pois bem, não adianta nada ficarmos aqui pensando em hipóteses, não é melhor partirmos direto para a sala de reuniões?
       – Desc... quero dizer, sim, vamos logo para não perdermos mais tempo do que já perdemos.
       Decidimos então seguir até a sala de reuniões do palácio, mas para isso, precisaríamos subir dois lances de escadas para então seguirmos em direção à sala. Andamos em meio aos empregados aflitos, com um tanto de dificuldade, eles corriam de um lado para o outro e isso dificultava bastante nossa movimentação pelo palácio, porém, mesmo com todos esses empecilhos nós fomos capazes de chegar até a sala de reuniões sem maiores problemas ou atrasos. Paramos em frente a porta, olhamos um para o outro por alguns instantes, respiramos fundo e acenamos com a cabeça, demonstrando assim que ambos estávamos prontos para adentrar a sala. Ao abrirmos a porta, o silêncio dominou o lugar e todos ali presentes fitaram o olhar sobre nós, foi a sensação mais estranha que já senti em toda a minha vida, nunca havia me sentido tão envergonhado como neste momento, afinal de contas nós sempre fomos muito pontuais e desapontar o rei dessa forma não é algo que aumentaria nossa credibilidade. Victorio parecia mais perdido do que eu nesse quesito, mas ele nunca foi um homem que ficasse desconcertado em situações como essas, então, sem perder a postura, atravessou a sala e caminhou até o lugar que normalmente é destinado a ele durante as reuniões, e com isso levou todos os tipos de olhares possíveis. Eu, por outro lado, apenas aproveitei o ensejo para também seguir para o meu lugar sem ser notado, evitando qualquer tipo de ação que pudesse voltar a atenção daqueles que ali estavam para mim.
       – Qual o problema? – perguntou Victorio – Vocês podem continuar de onde pararam, Romiel e eu estamos aqui para ouvi-los, e, perdoe-nos pelo atraso, alteza, tivemos alguns problemas para chegarmos aqui.
       – Não faria sentido perguntar-lhes o que aconteceu, mas tenham em mente que se vocês não fossem homens de extrema confiança, com certeza não permitiria que saíssem impunes desta situação desagradável. Agora não é o momento para discutirmos isso, de qualquer forma. – disse o rei Vayne Ramidas, um homem de poucas palavras mas com um coração grandioso, grande parte das conquistas de Valflera se devem ao esforço e sabedoria deste homem.
       – Agradecemos sua bondade e faremos o que for preciso para compensar todos os inconvenientes que causamos. – disse eu, em busca de amenizar ainda mais a situação.
       – Não se preocupe com isso, Romiel, já fora decidido por todos nós quais seriam os afazeres de ambos, já que não estavam presentes aqui nos auxiliarem nesta decisão. Pensamos e repensamos em quem estaria responsável por executar a primeira fase da operação, precisaríamos de pessoas astutas e com habilidades tanto em combate quanto habilidades mentais, a segurança utilizada para proteger a princesa Lorenta é extremamente rígida, o trabalho que terão para se aproximar dela não será fácil, essa tarefa não pode ficar nas mãos de qualquer pessoa. – disse o rei, direcionando suas palavras tanto para mim quanto para Victorio
       – Princesa Lorenta? Qual seria o interesse de Valflera na princesa? Não faz sentido nos aproximarmos dela, principalmente quando se trata da princesa de Flecentolia. – sem sequer pensar um pouco nas consequências que essas palavras poderiam trazer, Victorio apenas disse o que lhe veio à cabeça.
       – Se vocês estivessem aqui durante o início da reunião saberiam da importância da operação. Mas não se preocupem, o trabalho de vocês não será este. Nós precisamos de informantes, pessoas que possam estar de olhos bem abertos em tudo o que acontecer em Flecentolia, por esse motivo estou nomeando vocês dois como os mais novos embaixadores de Valflera, enviar qualquer um dos dois sozinho seria uma decisão imprudente, mas todos nós sabemos que não existe mesclagem mais perfeita do que o a sabedoria de Romiel e as habilidades em batalha de Victorio.
       – Compreendo que queira encontrar uma função para nós durante a operação, assim como sei que não estou em posição de questioná-lo, porém, não acha um tanto imprudente nos enviar para Flecentolia sem sabermos exatamente o que será a operação? – mesmo desconfortável com a situação, resolvi argumentar sobre a decisão do rei.
       – Não seja tão impertinente, Romiel, você sabe que eu não seria tolo o suficiente para tomar essa decisão sem ter certeza de que seria a melhor decisão a ser tomada. Vocês dois serão informados sobre todos os detalhes hoje e partirão para Flecentolia amanhã durante o nascer do sol, alguma objeção? – disse seguido de um olhar que faria qualquer homem barbado parecer uma pequena e indefesa garota.
       – N-Não. Perdoe-me novamente pela insolência, alteza. – disse, um pouco retraído e ainda mais desconfortável com a situação.
       – Acredito que seja isso. Rasler, explique a situação para Romiel e Victorio, o restante de vocês devem iniciar os preparativos para amanhã. – disse o rei enquanto se levantava e se dirigia até a porta.
       Após o rei sair, o restante das pessoas que estavam presentes ali também começaram a deixar o local, nele restando apenas Victorio, Rasler e eu. Rasler é um dos conselheiros do rei, normalmente é com ele que entramos em contato quando precisamos de alguma coisa referente ao nosso trabalho no reino. Todos ficaram pasmos com a nomeação dele como um conselheiro, tendo em mente que Rasler tem pouca idade e experiência. De língua afiada, ele não demorou muito para se dirigir a nós, sem nenhum tipo de cerimônia ele se sentou ao nosso lado e começou a nos explicar o que seria feito durante a operação.
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Capítulo 3 » O início de uma jornada.


Spoiler

– O início de uma jornada –


       Levou um certo tempo até que Rasler pudesse passar todas as informações sobre a operação para nós, como de costume, fiquei responsável por me atentar aos detalhes mais importantes em relação ao plano que deveríamos executar, enquanto Victorio preparava sua estratégia para os futuros conflitos que poderiam vir a acontecer no caminho até Flecentolia. De acordo com Rasler, a operação tem como intuito sequestrar a princesa Lorenta, não como forma de ataque, e sim como uma estratégia do rei Ramidas. Segundo os planos do rei, sequestrando a princesa, Flecentolia, que é um país neutro em relação à aliança das nações, procuraria pela princesa em territórios que não fazem parte da jurisdição deles, então seria o momento para que a embaixada de Valflera, no caso Victorio e eu, entrássemos em contato dizendo que Valflera conseguiu resgatar a princesa. Desse modo Valflera conquistaria a confiança de Flecentolia e seria a hora perfeita para oferecer uma união. Ideia arriscada, não posso dizer o que o rei tinha em mente ao formular algo tão insano como isso, mas ainda existem chances de dar certo, mesmo que elas sejam mínimas, servirei ao rei até que não possa mais.
       – Romiel, passaremos a noite aqui dentro do palácio e amanhã ao nascer do sol partiremos, acho que poderia usar o tempo para descansar um pouco. – disse Victorio.
       – Descansar? Mais? Eu passei cerca de três dias dormindo, só de pensar em dormir novamente me faz sentir arrepios! – disse com um leve sorriso no rosto – Acho que irei para meu quarto finalizar alguns estudos que estive fazendo antes da guerra, acho melhor finalizá-los antes de partirmos.
       – Compreendo, pois bem, vou checar maiores detalhes sobre a nossa partida, até breve, Romiel! – disse Victorio ao deixar a sala.
       – Vocês são realmente muito próximos, não? – me perguntou Rasler, logo após Victorio deixar a sala.
       – Pode-se dizer que sim. Victorio é o mais próximo que eu já tive de uma família, sem contar que batalhamos lado a lado por muitos anos, posso dizer o que se passa naquela cabeça de vento apenas olhando para ele. Mas, por que a curiosidade, Rasler?
       – Nenhum motivo em particular, só queria saber a origem da proximidade entre vocês dois, sabe, não é comum duas pessoas com a importância de vocês chegarem atrasados em uma reunião de emergência com o rei. – disse Rasler, se mostrando um pouco cuidadoso com suas palavras.
       – Não se preocupe conosco, Rasler, temos idade suficiente para tomarmos nossas decisões e para arcar com as consequências delas. Agora, se me der licença, eu realmente preciso ir para meus aposentos.
       – Ora, o título de lorde realmente lhe cai bem, mesmo desconfortável não deixa de ser tão elegante. Não há necessidade dessas formalidades, somos amigos, não somos? – Rasler me olhou com um olhar diferente do habitual, pude sentir que ele estava escondendo algo, mas resolvi evitar o conflito. – Mas tudo bem, Romiel, já me encarreguei de arrumar tudo o que você precisa em seu quarto, então não se preocupe nada, apenas tenha uma boa noite de sono!
       – Agradeço sua gentileza, porém eu realmente preciso ir, passar bem, Rasler. – digo sem esperar nenhuma resposta, apenas me levanto e deixo à sala.
       Após deixar a sala, intrigado com o a maneira estranha que Rasler se dirigiu a mim, segui diretamente para meus aposentos dentro do palácio. Andei por alguns corredores ainda movimentados por conta da reunião, porém um tanto mais calmos e mais vazios, permitindo assim que eu pudesse me mover mais rápido. Antes mesmo de entrar no meu quarto, senti uma sensação estranha quando parei enfrente à porta, senti como se alguém estivesse me observando, como se alguém além de mim estivesse parado ali. Resolvi não me prender nisso, abri a porta do quarto e entrei. A sensação só piorou. Mesmo que as coisas ainda estivessem no seu devido lugar, sentia como se eu não estivesse em meus aposentos, e sim em um lugar estranho. Mesmo me sentindo um tanto desconfortável, resolvi parar de pensar nisso e partir para a escrivaninha para finalizar meus estudos, assim como havia dito para Victorio.
       Perdendo completamente a noção do tempo, fiquei o restante do dia estudando e trabalhando sobre algumas teorias e feitiços novos que já estavam em desenvolvimento, um sacerdote precisa fazer muito mais do que apenas estudar sobre magia. Eu não poderia deixar que a operação falhasse, sequer participei dos acordos de paz que foram selados ao fim da guerra, o máximo que poderia fazer, então, seria dar o meu melhor durante a operação. Fiquei um longo período trabalhando, com isso não consegui notar a chegada da noite.
       Já era bem tarde e eu precisava dormir um pouco antes que amanhecesse e partíssemos para Flecentolia, então resolvi fazer uma pausa nos estudos e ir me deitar um pouco. Não dispunha de muito tempo para dormir, mas para mim, dormir pouco era uma rotina e eu mal sentia necessidade de sono como as outras pessoas. Por mais que tentasse, não conseguia pegar no sono, me revirava de um lado para o outro na cama mas era em vão, por mais que tivesse um pouco de sono, simplesmente não conseguia dormir e sentia aquela sensação estranha que senti quando entrei no quarto anteriormente. A manhã, por outro lado, não se importava com meu mal estar e chegou em um piscar de olhos, assim como Victorio, que entrou correndo no meu quarto sem nenhuma cerimônia.
       – Para quem não queria descansar, você acabou é dormindo demais, Romiel! – disse ele cruzando os seus braços.
      – Agora não é hora, Victorio, não consegui pregar os olhos sequer um minuto durante a noite, e para piorar ainda mais a situação, eu não estou me sentindo muito bem.
       – Ora! Vamos, não diga isso. Você realmente vai ficar doente no dia em que partiremos para Flecentolia? – disse ele, tentando amenizar a situação com um sorriso, porém era nítida sua preocupação. – Levante e se prepare para partir, irei lhe buscar algo para beber e comer, portanto não demore!
       Vendo Victorio deixar o quarto, pude notar que minha visão estava turva, sentia meus olhos pesados e meu corpo estava trêmulo, o que era estranho pois antes de me deitar não me sentia assim, porém não posso e nem quero deixar que percebam que estou me sentindo mal dessa forma, preciso me levantar e arrumar minhas coisas antes que o Victorio volte, assim como impedir que ele perceba que estou com um mal estar terrível. Mesmo com um pouco de dificuldade para ficar em pé sem perder o equilíbrio, me levantei e me dirigi até minha escrivaninha para pegar alguns papéis e adicioná-los à minha bolsa. Eu esperava que Victorio fosse demorar um pouco, do jeito que ele é distraído ele provavelmente ele acabaria se atrapalhado e derrubado as coisas, mas, por incrível que pareça, ele não demorou tanto assim para voltar, no tempo de terminar de arrumar minhas coisas e sentar novamente na cama para ver se a minha visão voltava ao normal e se as vertigens parariam de me atormentar, Victorio entrou no quarto carregando consigo uma bandeja não muito grande, nela haviam dois pães pequenos e um jarro com algo que eu pudesse beber.
       – Aqui está, não temos muito tempo sobrando, então coma logo! – disse ele, colocando a bandeja sobre a cama. – Sabe, Romiel, apenas por entrar nesse quarto senti uma sensação estranha, você está começando a me deixar doente.
       – Ora, não diga besteiras! – exclamei – Você mal chegou perto de mim, não é possível que eu tenha lhe passado algo assim tão rápido.
       – Onde está o seu senso de humor, Romiel? – perguntou Victorio, levando sua mão direita à cabeça.
       – Agora não é o momento mais propício para fazer piadas, mas agradeço seu esforço. Pois bem, me diga, todos os preparativos já estão prontos para partirmos? – perguntei enquanto me servia.
       – Oh, sempre falando de trabalho. Mas devo dizer que as coisas estão sendo muito bem preparadas, até então está tudo ocorrendo como o planejado. Nossa carruagem já está pronta e abastecida, e o restante da equipe escalada para a operação já está se preparando, como nós fazemos parte da primeira fase eles precisam esperar a nossa partida para iniciarem a parte deles. – mesmo sendo brincalhão demais, Victorio sabe a hora de ser sério e sempre me explicou os detalhes de nossas operações com muita clareza e objetividade.
       – Compreendo. – afirmei. – Então somos o ponto de partida para a operação, isso é um tanto complicado para nós, se algo der errado enquanto estamos executando essa etapa, a operação inteira será perdida.
       – Não existe esta opção, Romiel. – ao dizer essas palavras, Victorio ficou um tanto sério. – Nós não podemos nem pensar que algo pode dar errado durante a operação, não faremos isso por nós, e sim pelo reino de Valflera e ainda mais pelo rei Ramidas.
       – Não se preocupe com isso, já terminei o que tinha para fazer aqui, podemos partir quando você quiser, Victorio. – disse enquanto me levantava e seguia em direção a minha bolsa.
       Victorio não disse nenhuma palavra, apenas seguiu em direção a porta e deixou o local, o que deixando o caminho livre para eu segui-lo, como de costume. Mesmo não me sentindo muito bem, com a visão ainda turva e agora com um pouco de náusea, eu resolvi não contar para ele o que estava acontecendo, não queria preocupá-lo com esse tipo de coisa e desvirtuar sua atenção que deveria estar completamente na operação, porém, sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento. Andamos pelos corredores do palácio por um tempo não muito longo, mas em vez de seguirmos direto para a entrada principal, onde estaria nossa carruagem, seguimos para a parte dos fundos, onde o acesso é um pouco mais restrito e raramente se vê alguém da alta sociedade seguindo naquela direção, o que me deixou um tanto intrigado com o que Victorio pretendia conseguir indo aos fundos do palácio momentos antes de nossa partida. Por mais que eu quisesse perguntar a ele o que estava acontecendo, resolvi me manter calado e deixá-lo me guiar, como não estava no meu melhor estado, seria inconveniente tanto para ele quanto para mim se parássemos para conversar sobre um assunto não tão relevante.
       Depois de andarmos um pouco pelo palácio, chegamos em um lugar que eu jamais estive antes, era uma espécie de depósito onde de tudo poderia ter, consegui enxergar superficialmente o que havia lá dentro, em grande maioria estantes com armamentos e poções, além do lugar ter uma iluminação muito fraca, o que me deixava ainda mais atordoado. Ainda sem dizer nenhuma palavra, Victorio olhava de um lado para o outro, como se tivesse perdido alguma coisa. Intrigado com as ações dele, resolvi então perguntar sutilmente o que ele procurava, mas, ainda assim, me mantive um tanto retraído para que ele não suspeitasse que minhas condições estavam piorando.
       – Veio buscar algum armamento para reforçar nossa segurança durante a viagem? – perguntei, enquanto me apoiava em uma das estantes.
       – Não. – afirmou. – Rasler me disse para vir aqui antes de partirmos, ele disse que preparou algumas poções e antídotos para nós, caso tenhamos algum imprevisto no caminho até Flecentolia.
       – Hm. – murmurei. – Gentil da parte dele se preocupar com isso, não acha?
       – Realmente, não esperava que Rasler fosse se preocupar com esse tipo de coisa, principalmente quando se trata de nós dois, já que ele provavelmente deve pensar que o rei confia mais em nós do que nele. – ainda procurando pelas poções deixadas por Rasler, disse Victorio.
       – Não creio que ele pense dessa maneira, mas, de qualquer forma, precisamos agradecer pela gentileza dele.
       – Achei! – gritou Victorio. – Aqui estão, esse bilhete intitulado com nossos nomes deixou muito óbvio que eram essas as nossas poções. – ele riu, um tanto desajeitado.
       – Ótimo, agora podemos partir, não podemos? – perguntei, suplicando internamente para que ele dissesse sim.
       – Bem, caso você não tenha mais nada para fazer aqui no palácio, acredito que sim, podemos partir.
       – Acredito que não, tudo o que eu precisava fazer, já fiz, creio eu que podemos partir agora. – disse me virando em direção a porta, e então Victorio e eu andamos no mesmo momento até chegarmos próximo a ela. Ao me aproximar um pouco mais, senti uma vertigem muito forte e acabei perdendo o equilíbrio, o que me fez ir em direção ao chão, porém, dono de uma agilidade extremamente alta, Victorio se abaixou e me segurou, impedindo que eu tocasse o solo.
       – Romiel! – gritou. – Você está bem?
       – S-Sim, não se preocupe, Victorio. – ainda me recompondo, digo a ele com um sorriso extremamente artificial no rosto. – Apenas tropecei nesse piso de madeira, podemos continuar?
       – Você tem certeza? Não me parece muito bem. – disse ele com suas sobrancelhas franzidas, expressão que faz quando está intrigado com alguma coisa.
       – Tenho total certeza, eu estou ótimo, apenas perdi o equilíbrio mesmo, vamos antes que fiquemos atrasados.
       Sem dizer mais nada, Victorio apenas me soltou e começou a caminhar novamente pelo palácio, e então o segui naturalmente, como se nada tivesse acontecido. Seguimos para a entrada principal do palácio, para que assim pudéssemos partir para Flecentolia e dar início à operação de uma vez por todas. Deixando o palácio, do lado de fora estava parada em frente às escadas uma carruagem com dois cavalos para puxá-la, assim como um cocheiro estava segurando as rédias esperando por nós. Vendo Victorio ir em direção ao cocheiro, decidi seguir diretamente para o interior da carruagem, cumprimentando o cocheiro ao acenar com a cabeça. A carruagem não era muito luxuosa, bastante simples, para ser sincero. Possuía dois bancos, um de cada lado, no centro uma pequena mesa com alguns papéis em branco, nas janelas, cortinas vermelhas como sangue. Aguardei alguns minutos sozinho dentro da carruagem, aproveitei para fechar os olhos e me recostar um pouco em um dos bancos, as vertigens estavam piorando cada vez mais, minhas pernas tremiam e minhas mãos suavam muito, sentia praticamente a mesma sensação que senti no campo de batalha durante a guerra, o que é realmente estranho pois estava me sentindo bem antes de dormir, de qualquer forma, esse descanso não durou por muito tempo, já que Victorio entrou na carruagem, do seu jeito sutil de ser, ou seja, quase derrubando tudo o que havia lá dentro.
       – Oh! Me desculpe, te acordei? – perguntou ele, com uma cara de susto.
       – Não estava dormindo. – disse, levando minha mão direita ao rosto.
       – Ótimo, assim você não perderá a melhor parte dessa história de ser embaixador, a viagem. – Victorio parecia uma criança em êxtase, abriu as cortinas da carruagem e ficou olhando para fora com seus olhos brilhando. Não resisti, dei uma leve risada. – E-Ei, do que você está rindo?
       – Me desculpe! – ainda recuperando o fôlego – Você nunca viajou para fora de Valflera, não é?
       – Na verdade, não. O mais longe da cidade que cheguei à ir foi para aquele cemitério onde está enterrada minha falecida irmã, mas imagino as coisas maravilhosas que devem ter pelo mundo afora.
       – Não se iluda tanto, são basicamente as mesmas coisas que você pode ver aqui, apenas com alguns detalhes diferentes.
       – Você fala como alguém que conhece muito o mundo afora. Você costumava viajar muito, Romiel? – ele me perguntou, ainda com os olhos brilhando.
       – É um tanto complicado de explicar, porém, eu posso dizer que já viajei bastante, mesmo que involuntariamente.
       – Involuntariamente? – perguntou. – O que você quer dizer com isso?
       – Esqueça isso, não é importante. Se eu fosse você, não me desgastaria tanto, seria mais interessante você ver com seus próprios olhos tudo o que há fora de Valflera. – disse quanto esboçava um leve sorriso. Mesmo em um estado de saúde não muito agradável, não queria aborrecer Victorio, que estava mais feliz pela viagem do que por qualquer outra coisa. – Agora, se me der licença, preciso terminar umas pesquisas que estive fazendo ontem.
       – Até no meio de uma viagem você fica pensando nessas coisas chatas, você nunca tem uma folga? – demonstrando um pouco de indignação, ele me questionou.
       – Não se preocupe, esse é só o início de nossa viagem, ainda teremos muito tempo para conversar e eu lhe contarei tudo sobre os locais históricos que veremos no caminho. – disse a ele com um pequeno sorriso no rosto. Ao terminar de dizer essas palavras, nosso cocheiro bateu as rédeas para que os cavalos iniciassem a corrida.
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Porra fui esquecido, que ingratidão #xatiado #coraçãopartido #nãosabepelooqueeupassei

Então cara, tem um erro de digitação, em algum lugar, em alguma palavra que usa próclise, erro bobo mesmo, eu me perdi, só avisando para que corrija, hahaha.


Cara, eu gostei bastante da ambientação... De tudo... Foi bom o jeito que você introduziu com calma os nomes próprios, não foi enfiando goela a baixo centenas de nomes. No começo, dentro da casa de Victório, me senti na casa de Bilbo Bolseiro, por alguma razão inexplicável, talvez por seu companheiro ser também um mago.

Só dar uma nota, tenha cuidado com a coesão, os generais nunca, nunca, vão pra campos de batalha. E nunca, são pessoas joviais, digo, jovens, a não ser que tenha algum esquema por trás, igual já vimos várias vezes... Recomendo a você mudar a posição de Victório, algo como Coronel, ou Tenente-Coronel, são dois cargos altíssimos, mas que são abaixo de general.
De mais é só, escreva mais cara! É sempre bom ter mais textos na crm para ler, de autores competentes.


Abrçs, Ltmkr
Conteúdos novos sempre, o trem nunca para.


Zombie  Misty!

By:Zombie

 Eu salvei sua vida... :*-*: numa guerra... :*-*: tenho uma irmã... :*-*: sei o nome dela... :*-*: mas morta... :T.T:

Poxa vida! Não sei nem como expressar direito sobre essa homenagem, ficou muito bom, BOM MESMO! E foda-se os erros, Shhhhh! Lote. u.u

Não lembro de te contar qual era meu tema preferido, acho que sim porque rola tantos assuntos, você acertou em cheio! Eu gosto muito dessa temática guerra, onde envolve todo tipo de situação, como a perda de uma pessoa importante, tanta o vontade de viver quanto o sentimento que acabou ali mesmo, superações, alegrias por terem vencido e que ainda virá mais conflitos...

Gostei muito da forma que você explicou o cenário, a ação de cada movimento dos personagens, a expressão deles, eu até imaginei como seria essas cenas e sensações de cada local diferente, bateu a vontade de ser um desenhista agora. E cara, você não está enferrujado.

"Por Nyantha!" Hmmm, Nyant – ah, Nyanta. Saquei, eu acho. XD

Misty, obrigado pela homenagem, como disse antes, ficou muito bom e eu gosteio. ;3

2010 ~ 2016 / 2024

04/03/2014 às 14:20 #3 Última edição: 04/03/2014 às 14:25 por Mistyrol
Lotmaker
Citação de: Lotmaker online 04/03/2014 às 03:11
Porra fui esquecido, que ingratidão #xatiado #coraçãopartido #nãosabepelooqueeupassei

Então cara, tem um erro de digitação, em algum lugar, em alguma palavra que usa próclise, erro bobo mesmo, eu me perdi, só avisando para que corrija, hahaha.


Cara, eu gostei bastante da ambientação... De tudo... Foi bom o jeito que você introduziu com calma os nomes próprios, não foi enfiando goela a baixo centenas de nomes. No começo, dentro da casa de Victório, me senti na casa de Bilbo Bolseiro, por alguma razão inexplicável, talvez por seu companheiro ser também um mago.

Só dar uma nota, tenha cuidado com a coesão, os generais nunca, nunca, vão pra campos de batalha. E nunca, são pessoas joviais, digo, jovens, a não ser que tenha algum esquema por trás, igual já vimos várias vezes... Recomendo a você mudar a posição de Victório, algo como Coronel, ou Tenente-Coronel, são dois cargos altíssimos, mas que são abaixo de general.
De mais é só, escreva mais cara! É sempre bom ter mais textos na crm para ler, de autores competentes.


Abrçs, Ltmkr
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Eu não consegui identificar o erro, primo Lot, deixe de ser preguiçoso e procure-o.  :U_U:

Bilbo Bolseiro? De longe. Eu nem lembrava da existência de Senhor dos Aneis quando escrevi isso, mas de fato existe uma pequena relação entre os textos, se for analisar por esse lado.
Na realidade, Victorio foi para o campo de batalha pois era uma guerra, uma batalha muito pesada que eu achei desnecessário descrever no texto. Apenas deixei subentendido que era uma batalha complicada e que Romiel estava exausto.

Outra coisa, eles não são jovenzinhos de 20 anos e acredito que dê para notar isso quando Victorio conta a história de sua irmã onde ele diz que aconteceu faz muito tempo. Claro, não são idosos de 50 anos, por volta de uns 30~35 anos no máximo.

Enfim, obrigado pelo feedback, Lot, fico realmente feliz em saber que gostou. Grande abraço, primo.  :XD:

Vash
Citação de: Vash online 04/03/2014 às 09:33
Eu salvei sua vida... :*-*: numa guerra... :*-*: tenho uma irmã... :*-*: sei o nome dela... :*-*: mas morta... :T.T:

Poxa vida! Não sei nem como expressar direito sobre essa homenagem, ficou muito bom, BOM MESMO! E foda-se os erros, Shhhhh! Lote. u.u

Não lembro de te contar qual era meu tema preferido, acho que sim porque rola tantos assuntos, você acertou em cheio! Eu gosto muito dessa temática guerra, onde envolve todo tipo de situação, como a perda de uma pessoa importante, tanta o vontade de viver quanto o sentimento que acabou ali mesmo, superações, alegrias por terem vencido e que ainda virá mais conflitos...

Gostei muito da forma que você explicou o cenário, a ação de cada movimento dos personagens, a expressão deles, eu até imaginei como seria essas cenas e sensações de cada local diferente, bateu a vontade de ser um desenhista agora. E cara, você não está enferrujado.

"Por Nyantha!" Hmmm, Nyant – ah, Nyanta. Saquei, eu acho. XD

Misty, obrigado pela homenagem, como disse antes, ficou muito bom e eu gosteio. ;3
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Awn, que bom que você gostou cara, isso faz valer o tempo que passei escrevendo.  :beijo:

Eu realmente dei uma atenção maior para a descrição das ações e do cenário. Não vi necessidade de ser algo tãaao descritivo, apenas o suficiente para poder imaginar o lugar e, se você fez isso, então acredito que a missão foi cumprida.

Fico mesmo muito feliz em saber que você gostou, porque achei que odiaria e não daria muita atenção tendo em mente que não gosta muito de ler, mas, por sorte, ainda adivinhei seu estilo preferido e consegui prendê-lo até o final.  :XD:




Só uma especificação: O soldado dirige-se à Romiel por "Milord" ou "Lord Romiel" pois, mesmo que ele estivesse na batalha, ele não faz parte de nenhum pelotão (apenas foi convocado para a mesma tropa de Victorio pois era uma guerra) e por isso não possui uma patente. É um dos sumo sacerdotes do reino de Valflera, o que para os soldados é como se fosse um patamar acima no sistema hierárquico deles.

Double post apenas para dizer que o tópico foi atualizado com os novos capítulos. :XD:

Oi, Mistyrol.
Eu gostei bastante do seu texto, engraçado, por alguma razão eu lembrei de ao no exorcist, mas enfim. Eu gostei das histórias, eu estava lendo elas agora, e li por enquanto as duas primeiras, as duas muito bem elaboradas. Mas, eu notei uns erros:
Sabia que te encontraria aqui -
"...acapara de calçar..."
O que raios é "acapara"? Acho que você quis dizer outra coisa.

Operação Princesa - "...disse enquanto levantava" - "...além de levantar-se após dizer essas palavras."
Tem alguma coisa errada aí. Ele levantou duas vezes?
"...tenham em mente que se vocês não homens (?!) de extrema confiança..."
"Não homens"?

É isso, quando eu ler o terceiro eu dou um edit.

07/05/2014 às 18:34 #6 Última edição: 07/05/2014 às 23:34 por Mistyrol
Citação de: Strong Rock online 07/05/2014 às 16:06
Oi, Mistyrol.
Eu gostei bastante do seu texto, engraçado, por alguma razão eu lembrei de ao no exorcist, mas enfim. Eu gostei das histórias, eu estava lendo elas agora, e li por enquanto as duas primeiras, as duas muito bem elaboradas. Mas, eu notei uns erros:
Sabia que te encontraria aqui -
"...acapara de calçar..."
O que raios é "acapara"? Acho que você quis dizer outra coisa.

Operação Princesa - "...disse enquanto levantava" - "...além de levantar-se após dizer essas palavras."
Tem alguma coisa errada aí. Ele levantou duas vezes?
"...tenham em mente que se vocês não homens (?!) de extrema confiança..."
"Não homens"?

É isso, quando eu ler o terceiro eu dou um edit.

Opá, agradeço de coração todos os elogios deixados, realmente fico muito grato.
E agradeço ainda mais os erros que você citou, isso mostra que você realmente leu! haha

"Acapara" deveria ser "acabara", foi apenas um erro de digitação que deixei passar desapercebido.
Já no segundo caso, também acabei deixando passar que Victorio já havia se levantado e o fiz levantar duas vezes, agradeço por me alertar.
E por fim, no terceiro caso também foi um erro de digitação e um pequeno esquecimento, deveria ser "tenham em mente que se vocês não fossem homens de extrema confiança".

Obrigado mesmo pelo feedback, minha cara, e fico no aguardo do feedback do terceiro capítulo.  :XD:

 Opa, me parece interessante essa operação, usar a princesa para unir um reino com o outro, nossa, sinto que isso vai dar merda. e.e

Da mesma forma que comentei aqui e no outro fórum, o modo que você descreve as coisas são bem detalhadas e me faz imaginar como seria o local e os movimentos dos personagens apesar de não ter noção do visual exato deles. xD

Eita, ficando doente, o que seria isso? Vai me conta. *-*

Está mandando muito bem, continue assim. Pretende estender mais? Além dessa operação?

2010 ~ 2016 / 2024

Oi denovo, Mistyrol. Disse que falaria sobre o terceiro, e cá estou eu.
Está muito bom, acho que foi o que eu mais gostei. Você deixou um ar de suspense com esse mal-estar do Romiel...
Eu achei mais um erro nesse (lol):
"...iIsso é com tanto complicado para nós..."
Acho que seria 'um tanto' e não 'com tanto ', entende?
Muito bons, parabéns, espero a continuação.

Spoiler
'Meu caro' é o escambau! Você chamou o Victorio (Victoria?!)  de mulher e eu de homem! [\spoiler]
[close]

Citação de: Vash online 07/05/2014 às 22:39
Opa, me parece interessante essa operação, usar a princesa para unir um reino com o outro, nossa, sinto que isso vai dar merda. e.e

Da mesma forma que comentei aqui e no outro fórum, o modo que você descreve as coisas são bem detalhadas e me faz imaginar como seria o local e os movimentos dos personagens apesar de não ter noção do visual exato deles. xD

Eita, ficando doente, o que seria isso? Vai me conta. *-*

Está mandando muito bem, continue assim. Pretende estender mais? Além dessa operação?

Com certeza. Pretendo dar continuidade para a série e assim que possível irei postar os demais capítulos (ás vezes demora um pouco mais do que o habitual) e espero que vocês e mais gente passe por aqui para acompanhar todo o processo de evolução da série.

Sobre a suposta doença do Romiel, você terá que esperar o restante dos capítulos para saber.  :=p:

Citação de: Strong Rock online 07/05/2014 às 23:29
Oi denovo, Mistyrol. Disse que falaria sobre o terceiro, e cá estou eu.
Está muito bom, acho que foi o que eu mais gostei. Você deixou um ar de suspense com esse mal-estar do Romiel...
Eu achei mais um erro nesse (lol):
"...iIsso é com tanto complicado para nós..."
Acho que seria 'um tanto' e não 'com tanto ', entende?
Muito bons, parabéns, espero a continuação.

Spoiler
'Meu caro' é o escambau! Você chamou o Victorio (Victoria?!)  de mulher e eu de homem! [\spoiler]
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Você é realmente uma fofa. Não sabe como fico feliz em saber que realmente lê e ainda me faz o favor de citar os erros. Mais uma vez, apenas um erro de digitação/corretor ortográfico, mas já o resolvi.  :XD:

Até que enfim alguém notou que a doença do Romiel não é algo tão comum e simples, que algo a mais está envolvido no caso.  :*-*:

E, mil perdões. Não tinha visto o ícone de feminino no seu perfil e acabei confundindo por ter mais homens do que mulheres aqui. Sem contar que digitar pelo celular às vezes acabo deixando escapar esses erros. Enfim, agradeço mesmo por sempre ler e me dizer o que acha, esperarei ansiosamente por mais comentários seus.  :beijo:

Double post para dizer que dei uma atualizada nesses capítulos que estão aqui, e também para adiantar que em breve (talvez não tão breve) posto o quarto capítulo para poder dar continuidade. :XD: