Mulher

[Lotmaker]

Dia seguinte, lágrimas de desespero escorrem pelo rosto da mulher, coisas são destruídas, presentes destroçados, sem deixar resquício de um passado. O homem por outro lado, senta-se na quina de sua varanda, encostando a cabeça na pilastra com garrafas de cerveja, esperando a chuva em um dia ensolarado.
Próxima semana, amigas consolam, sorvetes são comidos, filmes de romance são assistidos, nenhum traço de quem a amou se encontra na casa. O homem, encostado na pilastra, fica contente com a chuva, acha que um ar dramático irá cair bem com sua melancolia, imagina como cena de filme, é um cinéfilo.
Passa-se o semestre, a mulher acumula livros de auto ajuda em sua estante que antes era um depósito de flores mortas, ursos de pelúcia e retratos. O homem levanta e tira a poeira do seu pequeno santuário, intocável, com fotografias recortadas e pregadas na parede, presentes imóveis na cabeceira.
Próximo ano, a mulher nova em folha, pronta para amar outra vez, sua jornada foi difícil, chorou muito mais que o homem, expôs ao mundo seu sofrimento mais que o homem, compartilhou sua dor com seus amigos, e agora está a procura de alguém para amar. O homem por sua vez, ainda tem como melhores amigas dezenas de garrafas feitas de vidro de 600 ml e sua pilastra favorita.

[Almanegra1420]

como melhores amigas dezenas de garrafas feitas de vidro de 600 ml e sua pilastra favorita.

adorei essa parte 

[Lotmaker]

Hahaha, de qualquer forma me incomodou a repetição do "de" nessa parte. "dezenas DE garrafas feitas DE vidro";

[Van]

Desculpa, achei o texto bem sem sal.
A abordagem foi feita de forma bem repetitiva. Não consegui perceber um momento de início ou de final no texto, um momento onde ele aumenta, se intensifica, e depois se acalma.

Uma dica, sempre que terminar um texto, imagine como ele fica se for declamado. Ou simplesmente o declame na sua cabeça, como eu faço. Seu texto seria declamado num monólogo curto e repetitivo demais - não que um texto repetitivo seja necessariamente ruim, mas se for pra abordar a história com essa pegada de repetição, monologia, cansaço, constância, existem maneiras melhores de se fazer isso.

[Lotmaker]

Eu preferi uma abordagem mais simplória. Não quis transpor nenhuma linguagem erudita, usar adjetivos refinados, usar da polidez, usar de candelabros flamejantes e lírios ensolarados, acho que quis evitar esses textos a lá Arcadismo, e quis um Romance Romantico Urbano... Talvez por isso que não houve a intensificação, até porque não tinha o que intensificar, foi apenas uma descrição, e não uma narrativa.

Mas obrigado pela dica de recitar em minha cabeça. Vou lembrar disso em meus futuros textos. Abraços

[Van]

Ah, agora eu compreendi. Talvez seja bom usar frases mais curtas num ritmo constante, na minha cabeça pareceu uma boa ideia.