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Ainda Sem Título

Iniciado por judeau, 14/07/2014 às 19:50

Olá!
Esse é só um esboço do que vem por aí e gostaria de um feedback! Se puderem identificar as referências, já é um bom começo ;)

Espero que gostem.


*   *   *   *

Spoiler
Kumuhea arregalou os olhos, tragou o cachimbo pela última vez e se desfez no ar.

O rei ainda ouvia sua voz grogue e arrastada, sussurrando em seus ouvidos. Continuou estático, boquiaberto com as revelações finais do homem que havia acabado de desintegrar em sua frente. E quando o oráculo – ou seria seu fantasma? – terminou de falar, Kaizer Weiss, o rei branco, deixou os aposentos de Kumuhea e fechou a porta lentamente, fazendo o rangido de suas dobradiças guincharem pela torre. Sozinho no silêncio sepulcral do seu castelo, ao rei apenas restava uma pergunta, ressonante em sua mente:
"O que aconteceu aqui?"

*  *  *  *

Antes disso tudo, o homem tatuado costumava pitar seu cachimbo, com sons repetitivos, suspirando em transe.
A fumaça era necessária para o ritual quase lisérgico que fazia ali, solitário.
As profecias e observações do oráculo Kumuhea não aconteciam sem um bom fumo em seu longo cachimbo. Era um catalisador básico, na exploração do espaço-tempo que, para esse homem, se revelava no queimar do tabaco e na epifania profunda, sob o manto da penumbra de seus aposentos. Claro, quem não conhecia pensava que era apenas um pretexto para um vício humano. Mas os seus conhecidos sabiam. Kumuhea não precisava de quase nada neste mundo. Pouca comida ou bebida seriam suficientes. Esse homem nascera para prever o futuro. E só. A Deusa decidiu isso para sua jornada e, mesmo sendo permitidas mudanças de hábito, fazer algo além disso serviria apenas para inquietar seu espírito ancião. E uma interferência nos escritos divinos. "Tudo acontece por um propósito", ele dizia. Na sua sala divinatória, Kumuhea fumava, diariamente, isolado, como um eremita das horas. Um alívio, na verdade, para o restante dos habitantes do Castelo Branco: sob as luzes bruxuleantes das tochas, pelos corredores gélidos de pedra, seria assustador encontrar aquele homem sem qualquer tipo de cabelo, com um sorriso irônico eternamente estampado no rosto, figuras mitológicas marcadas na pele e espalhadas pelo corpo todo.
Mesmo assim, o Rei Kaizer fazia questão de subir pessoalmente a torre, onde Kumuhea se escondia do mundo, para conversar amenidades, filosofar sobre o clima ou discutir sobre política. O lorde naturalmente preferiria que o oráculo servisse aos seus propósitos e ambos sabiam disso. No entanto, mesmo usando de toda sua habilidade de persuasão, Kaizer não conseguia extrair nada de valor sobre os acontecimentos de qualquer ordem do tempo.
"Cronomantes já foram explorados pelos senhores da guerra, milorde. Por tempo demais", limitava-se a dizer Kumuhea.
Em certo ponto, o rei desistiu da empreitada. E refletiu se valia a pena mantê-lo. Os custos de todo o aparato cronomântico eram altíssimos, com ervas específicas e de difícil aquisição. Porém, aquele asilo, por si só, significava poder. Abrigar Kumuhea tinha valor estratégico, mesmo sem que pudesse exercê-lo na prática. Afinal, possuir alguém que saiba do futuro em seu comando era um instrumento valioso, diplomaticamente. E para todos os efeitos, Kaizer Weiss também sabia de tudo, do passado e do futuro, pensavam seus pares.
Kumuhea não se importava. Todo aquele processo fazia parte dos planos da Deusa e, enquanto tivesse subsídios para se manter em contato com Ela, por meio das vastas bibliotecas do Reino Branco, ele não tinha interesse algum em desmentir seu senhorio.
Além disso, mesmo que as visões de Kumuhea nunca dissessem à respeito da política dos Quatro Naipes, deixá-lo sozinho poderia ser perigoso. Provavelmente seria capturado, torturado por suas informações e, em seguida, morto. Diante de tudo isso, era preferível mantê-lo em certa espécie de cativeiro, para seu próprio bem, mesmo que sem um ganho real. Como fora provado, há alguns dias, quando Kumuhea disparou, repentinamente:
Não posso ir embora, majestade.
Surpreso, o rei demorou algum tempo até decidir como levar aquela conversa.
Você pensou sobre isso? – perguntou Kaiser, franzindo o cenho.
Não, mas você provavelmente já, milorde. – respondeu o homem tatuado, com o olhar distante.
Observando as formas que Kumuhea produzia na fumaça colorida de seu cachimbo, o
Aprendeu a ler mentes também, meu caro? – troçou o rei, piscando.
Não precisaria, senhor rei, posso ver no fundo dos seus olhos a cada vez que nos encontramos, sua transparência é digna de um bom lorde. - curvou-se o oráculo - Mas saberá minha função neste castelo muito em breve... Então, vamos ao xadrez?
E as questões pululavam: Por que o Reino Branco? O que Kumuhea procurava tanto nos Arquivos Reais?  Kaizer se perguntava desde então, mas nunca soube a resposta.

Até aquele fatídico dia, quando subiu o último degrau da torre do oráculo e abriu a porta da câmara onde Kumuhea desapareceu, deixando seu legado para aquele líder confuso.
[close]

Muito interessante, você conseguiu descrever muito bem os detalhes dos acontecimentos.
Fiquei impressionado.

Mas uma coisa.. [Reino Branco, 4 Naipes, Oráculo que fumava], isto me lembra de Alice in Wonerland.
Há algum tipo de semelhança ou inspiração que você teve neste conto?

(Apenas uma curiosidade)

Enfim.. Meus parabéns! |+1 ouro| :clap:

SIM, Youko! É Wonderland mesmo hahaha :XD:

A ideia começa por aí, mas tenho muitas surpresas em vista ainda. Talvez consiga transportar pra o RPGMaker, mas a princípio vou focar no que sou bom: escrever.

Logo continuo a postar mais coisas  :ok:

Adoro Wonderland <3 :rainbow:

Qualquer coisa que for fazer sobre, vou adorar saber do teu projeto.
Mantenha-nos informado sobre  :lol: