Os Pés de Elias

[Corvo]

Uma pequena narrativa para descontrair. O texto segue um estilo mais leve do que o que costumo usar, sem muito floreio. Na teoria, devia ser divertido.

Spoiler

Elias era uma criança comum. Brincava, ia à escola e tinha dever de casa. Sua família era perfeitamente normal. Um par de pais, quatro cachorros e um pato. Só havia uma coisa que diferenciava Elias do resto do mundo. Elias falava com seus pés.

Não gostava disso.

Não que esse dom fosse impressionante ou interessante. É a simples verdade. Elias ouvia claramente o que seus pés diziam. Coisas horríveis. O garoto perdera a conta de quantas vezes eles tentaram persuadi-lo. Difícil resistir. Elias e seus pés se tornaram inimigos. Ele os abafava em suas meias sempre que possível e eles revidavam com dor e odores desagradáveis. Os dedinhos começaram uma conspiração. Sempre que avistavam uma quina de móvel, se lançavam contra ela como mártires camicazes.

Os pés de Elias adoravam discutir entre si sobre diversos assuntos. O menino não conseguia dormir, atormentado pelos argumentos do pé direito. Mas o garoto tinha seus truques, enfiava os pés em três meias. Ainda ouvia resmungos abafados, mas o barulho do ventilador era suficiente para cobrir o problema.

Conforme foi crescendo, Elias ficava cada vez mais perturbado por aquelas vozes. Eram criaturinhas ordinárias que não se calavam nem por um segundo. Uma vez ele cedeu. Quase se perdeu numa floresta porque o pé esquerdo queria ser lavado em um riacho. Depois disso, nunca mais acatou ordens dos membros inferiores.

Depois de alguns anos, as vozes ficaram difíceis de ignorar. Eram imponentes e autoritárias. Mandavam Elias chutar todo tipo de coisa que encontrasse, inclusive guardas de trânsito. Durante uma viagem de negócios na Inglaterra, Elias – já adulto – teve um surto. Os dois dedões entraram em um consenso e exigiam tratamento especial para suas unhas. Os dedinhos cantarolavam canções natalinas- habilidade aprendida recentemente. Elias enfiou os pés debaixo das rodas de um ônibus de dois andares. Nunca sentiu uma dor tão agradável quanto aquela.

Recebeu alta do hospital com um sorriso no rosto. Já encomendara suas próteses que chegariam na próxima semana. Depois, fisioterapia e vida normal. Sem vozes. De quebra, sua prótese de última geração tinha MP3 incluso. Um dia, enquanto ouvia clássicos de blues da década de 50, Elias captou um ruído baixo, como a estática do rádio. Desligou o MP3 dos pés e o ruído continuou. Demorou pouco tempo para descobrir a fonte.

Seus calcanhares começaram um movimento contra imigrantes.

[close]

[Neko Tenshi]

Kkk, engraçado o texto, bem que eu suspeitava que meus pés  faziam uma conspiração contra mim, qualquer quina de móvel e ele se jogam kkk. Bem fácil de ler, prendeu minha atenção até o final, mesmo sendo simples.

Eu acabei de ler outro texto seu, que é o do menino que compra um relógio de bolso, e tem visões, bem, posso te afirma que você leva jeito pra isso, imagina seus textos em projetos. Merece selo friboi  ,

[Corvo]

Kkk, engraçado o texto, bem que eu suspeitava que meus pés  faziam uma conspiração contra mim, qualquer quina de móvel e ele se jogam kkk. Bem fácil de ler, prendeu minha atenção até o final, mesmo sendo simples.

Eu acabei de ler outro texto seu, que é o do menino que compra um relógio de bolso, e tem visões, bem, posso te afirma que você leva jeito pra isso, imagina seus textos em projetos. Merece selo friboi  ,

Ha, obrigado. Sério que gostou daquele texto? Achei que tinha revisado antes de mandar. Só hoje percebi os erros de português gritantes. Vou consertar aquilo e postar de forma aceitável. Obrigado novamente. ;)

[Rawen]

Eu não tinha visto antes kkkkk mano eu ri de verdade aqui, a parte do ônibus e dos dedinhos foram as melhores 
Ps: Por favor, faça mais desse estilo kkkk

[Corvo]

Eu não tinha visto antes kkkkk mano eu ri de verdade aqui, a parte do ônibus e dos dedinhos foram as melhores 
Ps: Por favor, faça mais desse estilo kkkk

Apesar de ter postado há pouco (relativamente), é um texto antigo. Que bom que gostou ;D