O TEMA DO FÓRUM ESTÁ EM MANUTENÇÃO. FEEDBACKS AQUI: ACESSAR

A Resistência à Personagens Femininas

Iniciado por Geraldo de Rívia, 20/10/2018 às 07:39



A Resistência à Personagens Femininas



Na minha cabeça foi a pouco tempo, mas já faz dois anos que escrevi essa matéria sobre o protagonismo feminino nos jogos. Porém, concordarão comigo se eu disser que nem só de protagonistas são feitos os jogos, certo? A simples presença da mulher em jogos é algo que vem se tornando cada vez mais frequente, entretanto, nem tudo são rosas. Se por um lado acredita-se que os desenvolvedores devem se esforçar mais para incluir satisfatoriamente personagens femininas, do outro lado há uma parte do público que nem sempre aceita essa inclusão de braços abertos, e foi diante desses ocorridos que resolvi trazer esse assunto mais um pouco.

[box class=plainbox]Pode ter, desde que...[/box]

Como por exemplo em julho de 2016, quando a Riot Games anunciou uma nova personagem para seu jogo: League of Legends. Se tratava da personagem Taliyah, uma jovem afetuosa e muito determinada, nascida de um povo nômade de terras desérticas, criadores de cabras, que ao longo de sua juventude fora descobrindo o dom que possuía, a ela concedido por uma divindade protetora daquela tribo. Histórias de personagens são muito bem aceitas pelo público, principalmente os que jogam somente aquele jogo e buscam absorver todo conteúdo dele divulgado, e tal descrição satisfaria qualquer jogador de MOBA, afinal, jogos rápidos, casuais e de muitos personagens não pretendem ir a fundo com a lore particular de cada um, mas para parte do público Taliyah peca em um ponto: ela não é bonita como tantas outras.

Na comunidade brasileira a personagem não foi atacada relevantemente. O episódio se deu nos fóruns norte-americanos.

A jovem não é alta e esbelta; seus cabelos não são longos e esvoaçantes; seu busto e quadris não são avantajados; seu nariz não é fino e pontudo; suas sobrancelhas são grossas; sua vestimenta não deixa o corpo à mostra. Até então, personagens que não eram fisicamente atraentes possuíam alguma peculiaridade: Illaoi, bruta e espiritual; Kindred, fauna e fazendo dupla com um lobo etéreo; Rek'Sai, uma criatura de algum lugar da galáxia; enfim, as personagens humanas ou muito próximo disso criadas até então ostentavam beleza e sensualidade, por que então Taliyah era diferente?

Porque fazia sentido. Foi o que respondeu Daniel "ZenonTheStoic" Klein, designer da personagem, a quem criticou seu conceito utilizando desses argumentos. Nas palavras dele, "League of Legends tem um recorde em objetificar personagens mulheres. Não há nada de errado com o fato de uma campeã ser sensual (...) O problema é que não havia nenhum outro tipo [de campeã]. Restringir os tipos de corpo é limitante para nós, como criadores. Essas personagens não fazem seu tipo? Ok! Nós já temos 33 mulheres sexualizadas no jogo (eu contei). Estou certo de que faremos outra personagem sexy no futuro (...) Taliyah é uma jovem lutando para proteger seus entes queridos (...) Ela é uma garota crescendo em uma época de conflitos centrados em sua terra natal (...) Quando, no meio disso tudo, ela iria falar: 'E enquanto isso, eu vou ser sexy para o meu encontro no Império de Shurima?'. Veja o quão coesa Taliyah é. Quem ela é, o que ela faz, como ela é. Tudo isso faz sentido."

[box class=plainbox]É uma verdadeira guerra[/box]

No caso acima, a forma como a personagem foi retratada descontentou parte dos jogadores - não mulheres, diga-se de passagem -, mas há casos em que a simples presença da personagem causa uma guerra, como foi o que aconteceu com Battlefield V. Após o sucesso de Battlefield I se passando durante a Primeira Guerra Mundial, a DICE resolveu trazer a experiência para o conflito seguinte: a Segunda Guerra Mundial. O trailer divulgando o jogo mostrava um trabalho ainda melhor a caminho: ação ainda mais empolgante; inclusão do modo Battle Royale; conteúdos adicionais gratuitos; melhorias gráficas e sonoras para uma melhor experiência e imersão... porém, o que o trailer também anunciava e que nem todo mundo gostou foi a presença de personagens femininas, e de forma nada modesta.

Este primeiro trailer foi lançado em 25 de maio de 2018 e no mesmo dia começou todo o rebuliço.

No trailer acompanhamos alguns personagens lidando com diferentes situações na linha de frente da guerra, e foi neste ponto onde o público insatisfeito achou seu argumento: pois na linha de frente da Segunda Guerra não havia mulheres, ou até haviam, mas de forma muito pouco expressiva. E para causar ainda mais, a capa (e que bela capa) estampava uma mulher.

Agora, falando por mim, eu não lembro de ter estudado a presença feminina na guerra e imagino que realmente esse não seja um ponto muito abordado nas escolas. Aliado a isso, a maioria da mídia que retrata esses eventos históricos não coloca muitos personagens femininos, isso quando colocam, dessa forma fomos sempre induzidos a acreditar que mulheres não foram à guerra. Entretanto, apesar de sim, terem feito parte da linha de frente, nem só de vanguarda vive a guerra, e elas estiveram lá também como enfermeiras, mecânicas, mensageiras, motoristas, pilotos, espiãs e atiradoras de elite.

Como por exemplo Lyudmila Pavlichenko, sniper soviética com 309 kills registradas durante a Segunda Guerra, levando-a a ser considerada a franco-atiradora mais bem-sucedida da história. Como as Bruxas da Noite, um regimento da aviação soviética formado apenas por mulheres, voluntárias e com algumas que sequer tinham atingido a maioridade. Em janeiro de 1943 elas foram condecoradas pela realização de 23.672 missões contra o nazismo, entre elas, Nadezhda Popova, premiada com o título de Heroína da União Soviética, com a Medalha Estrela de Ouro, com a Ordem de Lenin e com três Ordens da Estrela Vermelha na Segunda Guerra Mundial. Como também Roza Shanina, soviética que com 19 anos decidiu ingressar no exército após a morte do irmão. Roza veio a ganhar a alcunha de Terror Invisível pelas habilidades em abater alvos rapidamente, em sequência e, pasmem, por vezes dois em um único tiro. Além disso recebeu a Medalha de Honra pela morte de 54 inimigos.

Próteses biônicas e customizações referentes a diversas culturas, como katanas, também foram argumentos da imprecisão histórica do jogo.

Em resposta ao movimento que até chegou a criar a hashtag #notmybattlefield no Twitter, Oskar Gabrielson, diretor geral da DICE, respondeu em seu perfil: "Primeiro, deixe-me ser claro sobre uma coisa. A escolha do jogador e os personagens jogáveis do sexo feminino estão aqui para ficar. Queremos que Battlefield V represente todos aqueles que fizeram parte do maior drama da história da humanidade e que dê aos jogadores o poder de escolher e personalizar os personagens com quem jogam. (...) O sandbox do Battlefield sempre foi sobre jogar como você quiser. Como tentar colocar três jogadores em cima de um cavalo, com lança-chamas. Com BFV, você também terá a chance de jogar como quem você quiser. Isso é #everyonebattlefield".

[box class=plainbox]Uma verdadeira e antiga guerra[/box]

Essa dita preocupação com a precisão das retratações de eventos históricos que os jogos fazem não ficou limitada a Battlefield V. Ainda se tratando de guerras, Total War: Rome II também foi acusado por apresentar mais personagens mulheres do que realmente poderia ter existido. Tudo aconteceu após um jogador postar uma screenshot em que, dos oito personagens disponíveis para recrutamento, cinco eram mulheres. Convenientemente, três meses antes da imagem, o jogo recebeu uma atualização que alguns jogadores acusaram por ter sido a responsável por aumentar a chance de novos generais serem mulheres.

O usuário AAABattery03 postou no reddit que um em cada dez mil jogadores podem chegar a esta situação,
sendo assim, provavelmente outros jogadores já viram essa tela, só não se incomodaram tanto.

O fato é que a taxa de geração de generais femininas gira em torno de 10% a 15% em quase todas as facções disponíveis no jogo, à exceção de uma única facção em que essa taxa sobe para 50%. Apesar do baixo valor, uma situação como a ocorrida com o usuário da imagem é possível, sob uma probabilidade extremamente baixa de 0,04%, porém, em se tratando de um jogo que possui uma média de mais de cinco mil jogadores simultâneos, mais dia, menos dia, isso aconteceria com alguém. Vale lembrar que jogo foi lançado em 2013.

Em resposta, Ella McConnell, gerente de comunidade da Creative Assembly, afirmou: "Os jogos da saga Total War são historicamente autênticos, não historicamente precisos. Se ter unidades femininas incomoda vocês tanto, vocês podem usar mods ou simplesmente não jogar. Pessoas dizendo que não vão comprar o game porque há mulheres demais é algo que está ok para nós - se essa é a razão delas, preferimos que elas não comprem.". E daí pra frente a situação piorou, pois além de acusarem o jogo de imprecisão histórica - coisa que durante os cinco anos desde o lançamento do jogo nunca fora abordada -, agora também repudiavam a resposta da desenvolvedora indicando aos jogadores que buscassem mods ou simplesmente parassem de jogar, clamando por sua demissão por ter sido grossa e agressiva com os fãs do jogo. Felizmente, diferente do que aconteceu na ArenaNet, a empresa não demitiu a gerente, tampouco mudou o jogo. O resultado disso tudo? Dois meses depois o jogo ainda recebe inúmeras "análises" negativas na Steam.

Até então, Total War: Rome II tinha análises ligeiramente positivas. Hoje já se encontra ligeiramente negativas para as recentes e neutras na somatória.

[box class=plainbox]Concluindo[/box]

Meu intuito com essa(s) matéria(s) não é fazer militância em direção alguma, mas no mundo dos jogos, hoje, muito é cobrado em inovação. Franquias que estão aí há anos, tentam se equilibrar entre manter partes do jogo, para não perder sua essência, e inovar, para trazer algo novo e não serem acusadas de entregar o mesmo que o anterior. As mudanças na representatividade dos personagens são muito cobradas, não só em jogos, e a maioria do público aceita bem quando elas vêm, entretanto esse público se manifesta bem menos do que os contrários à essas mudanças, que acabam parecendo um contingente maior do que realmente são. Se por um lado devemos continuar pedindo pela variedade de personagens, por outro devemos aplaudir quando essa variedade chega, não bloquear sua aceitação ou sermos indiferentes, afinal empresa alguma quer tomar decisões que cause insatisfação de seu público e, consequentemente, menos vendas.

[box class=errorbox]E você, já ficou frustrado com alguma mudança do tipo em algum jogo que gostava? Anos após aquela matéria citada lá na introdução, como andam as personagens femininas em seu projeto? Você acha que essa preocupação com representatividade cresce no nosso meio, RPG Maker, também?[/box]


Até a próxima matéria!  :wow:

20/10/2018 às 08:53 #1 Última edição: 20/10/2018 às 10:58 por Corvo
Há duas semanas eu estava conversando com uma moça que me fez voltar ao assunto. Ela me falou sobre uma versão do Teste de Bechdel que, além dos três itens comentados na outra matéria, exigia que houvesse ao menos uma cena em que nenhum homem estivesse presente. Discordei de imediato, pois por essa lógica qualquer história narrada em primeira pessoa por um homem seria obrigatoriamente machista.

Agora, voltando ao tópico, também discordo. O problema não é especificamente incluir personagens femininas, ao meu ver, mas modificar os originais. É uma questão fácil de identificar quando falamos de mitologia. Todo entusiasta desses contos odeia veementemente a Marvel e seu Thor, porque não se assemelham em nada ao personagem original. O famoso Kratos escapa dessa turma por muito, mas muito pouco só porque a mitologia grega não prevê o fim de sim mesma.

Pegando algo mais específico, quem não ficaria p. da vida se a Nintendo lançasse um Metroid substituindo Samus por Sam? Quem não se irritaria se Lara Croft se tornasse Lars? E para os que gostam de séries antigas, não me venham falar de uma releitura de Xena sem a própria. Não, não é aí que está o problema.

E claro, eu não deixaria de citar que, em parte, é frescura politicamente correta. Me oponho desde os primórdios à essa ideia de cotas, principalmente em histórias. Ah, tem muitos homens, troca o gênero de um aí. Primeiro, se faltam mulheres há dois tipos de histórias:

- Ou sua trama é extremamente específica como um banheiro masculino. Sem mulheres por um motivo plausível.
- Ou tem algo de errado com ela, já que felizmente não existem apenas homens no mundo.


Segundo, há alguns anos eram lançados jogos sem absolutamente nenhum personagem feminino e, pasmem, não fazia diferença alguma. Antes de me processarem e xingarem minha mãe, eu estou falando de jogos de ação como praticamente qualquer joguinho de tiro do PS1 pra lá. Encontrem uma única matéria ou artigo da data de lançamento desses em que alguém se lamentava por não estar representado.




Citação de: King Gerar online 20/10/2018 às 07:39
[...]
E você, já ficou frustrado com alguma mudança do tipo em algum jogo que gostava? Anos após aquela matéria citada lá na introdução, como andam as personagens femininas em seu projeto? Você acha que essa preocupação com representatividade cresce no nosso meio, RPG Maker, também?
[...]

Como disse acima, o que me incomoda é quando um personagem marcante é alterado. Me incomodei quando o Crash foi trocado pelo carinha-que-nem-sei-o-nome. Me incomodei quando as moças do Final Fantasy X deixaram de ser as personagens que eu conhecia para se tornarem cantoras pop. Me incomodei quando a câmera de Bomberman saiu do topo para adotar um visual isométrico. Me incomodei quando os Pokémons/Digimons das respectivas primeiras gerações foram abandonados aos poucos. Pode não parecer, mas a lógica é a mesma.


20/10/2018 às 10:05 #2 Última edição: 20/10/2018 às 10:18 por Lhu!
 Taliya é uma personagem maravilhosa e não eu nunca reparei se ela era feia ou não (Mentira! eu acho ela bonita.), no seu lançamento, eu tinha certeza de que ela seria a minha main, mas eu odiei a mecânica dela.
A Illaoi é mais considerada um homem do que uma mulher, Rek'Sai não tem como vê ela com outros olhos... Pois seria como olhar para uma cachorra ou uma gata, A Ovelha dos Kindred  por possuir uma fofura é possível que isso atraiu alguns jogadores (Não vamos descartar os tarados de Furries que repararam nas curvinhas dela.), mas eu creio que pela Taliya possuir uma estrutura corporal mais fiel a de uma mulher que o pessoal dei essa atenção a ela.
Eu soube deste caso no ano passado, e eu digo que este tipo de jogador precisa dar uns catas urgente, antes que ele se envolva com uma namorada virtual.

A respeito de toda a matéria, caso o jogador não tenha gostado de algo, tente considerar ou ignore aquilo que te incomode, se você não conseguir desconsiderar, é só partir pra algum outro jogo, esperar uma outra continuação fiel aos seus gosto ou simplesmente jogar somente o primeiro jogo da franquia. O meu caso; Um jogo com um tema sério pode haver quantas mulheres quiser, mas se maioria delas ter um apelo sexual, eu simplesmente procuro um outro jogo.

Mas.. Mulher é bom.

De acordo com nosso caro Stan Lee: "Se você quiser um herói negro, ou homosexual, crie um novo. Não modifique os já existentes para atender aos seus padrões.".
Gostaria de usar essas mesmas palavras para o caso de mulheres. Pessoalmente, não me importo com o gênero de fulano algum em uma obra, contanto que ele não tenha sido colocado daquela forma sem uma razão aparente. Mario nos foi apresentado como o encanador italiano que salva a princesa, e essa ideia ficou registrada em nossas mentes com o passar do tempo. Link é o herói que reencarna sempre que Hyrule está em perigo, Samus Aran é a caçadora de tesouros criada pelos Chozo, Chrono é o herói escolhido pela Entidade para salvar as linhas temporais de Lavos, o parasita que consome a Terra.

Imagine que Samus tivesse sido apresentada como um homem. Provavelmente não faria diferença na época visto que Samus quase sempre está de armadura, mas não afetaria a história. No entanto imagine que eles trocassem o gênero de Samus de homem para mulher, os fãs não gostariam da ideia nem um pouco se fosse o caso. E o mesmo aconteceria se trocassem o gênero dela para o masculino hoje em dia.

Lembram da polêmica que isso causou?
[close]

Outra coisa é o fato de algumas personagens femininas serem sensualizadas. As razões podem ser simples gosto pessoal do autor (como Yoko Taro em relação ao design da 2B: "Eu simplesmente gosto de mulheres."), para alegrar aos fãs (em sua maioria, japoneses pervertidos), ou para fazer sentido com a personagem em si (Shantae).

Vale notar que se você está vendo muito fanservice com personagens femininas na mídia, provavelmente você está vendo o conteúdo errado. Ao menos não vejo sensualização nos elfos de Tolkien.

Sou contra a inclusão de personagens apenas para cumprir "cotas". Quando isso é mal executado, e geralmente é este o caso que vemos na cultura pop, creio que chega ser até mais ofensivo do que a ausência de uma representatividade. sou adepto da criação de personagens e condições. Um exemplo: Ripley de Alien, o oitavo passageiro. no contexto onde a personagem se encontra, pouco fária diferença se Ripley é homem ou mulher, a situação exige apenas sobrevivência a todo custo. afinal, é sobreviver ou virar receptáculo de ovos alienígenas.

Se o personagem tem como ponto de "equilíbrio" a sua condição social, que geralmente está de acordo com a visão moral do nosso mundo e tempo, então o personagem pode já com isso perder muitas camadas de relevância que ele poderia ter, independente da cor ou sexo. No fim, o importante é que o personagem funcione dentro da condição onde ele foi colocado, se ele está perdido ali apenas como um volume acrescentado pelo autor, então talvez o melhor seja retira-lo ou trabalhar muito em cima do mesmo. Histórias exigem tempo gasto das pessoas, e esse tempo deve ser valorizado por um autor, do contrario nascem os sentimentos de frustração e previsibilidade.

Spoiler
Anos após aquela matéria citada lá na introdução, como andam as personagens femininas em seu projeto? Você acha que essa preocupação com representatividade cresce no nosso meio, RPG Maker, também?
[close]

   Sempre defendi e sempre defenderei a relevância de representações variadas em obras culturais, sejam elas quais forem, mas é verdade que se faz necessário um certo cuidado. Exigir cotas para personagens femininas, negras ou seja lá o que for, além de ofensivo - como a única personagem negra no filme que é a primeira a morrer - é cerceador da liberdade criativa e não ajuda no desenvolvimento de histórias mais ricas e plurais. É sim importante que tenhamos mais personagens femininas (ou negras, ou asiáticas, ou gays etc.), mas elas precisam fazer sentido dentro da obra, e não serem colocadas nela tão-somente para agradar a uma certa casta politicamente correta.
   No meu projeto, uma das personagens mais relevantes e poderosas da lore é uma mulher, mas ela não é uma mulher porque eu estava preocupado em cumprir com uma cota, mas porque desde o início eu imaginei essa personagem como sendo uma mulher e assim permaneceu. O mesmo aplica-se ao grupo de protagonistas, composto por duas mulheres e dois homens, mas nesse caso esse equilíbrio não foi estabelecido com base numa preocupação com representação minoritária, mas uma consequência do que eu havia planejado como sendo relevante para a história que eu quero contar.
   No final das contas, o importante é entender que quanto maior a pluralidade mais possibilidades criativas você terá e é isso que deveria contar numa história, seja ela qual for.
"A arte é o que resiste: ela resiste à morte, à servidão, à infâmia, à vergonha." (Gilles Deleuze)

O pessoal disse tudo - Corvo, Luke e Raony resumiram meu ponto de vista muito bem, então só resta tentar trazer um ponto de vista diferente.

Já passei muita raiva ao descobrir sobre figuras como Anita Sarkeesian, Brianna Wu, Zoë Quinn, que encabeçaram o assunto representatividade / feminismo, no mundo dos games durante um certo tempo... já não tenho gás pra entrar em outra conversa aprofundada sobre o tema, então vou tentar resumir:

Representatividade... quer melhor exemplo do que o fato de que qualquer um pode criar o que quiser? O grande problema dos SJWs (a galera do mimimi) é que eles entram com argumentos baseados na emoção pra tentar moldar o mercado.

Pexual, temos músicas, livros, cinema, HQs, teatro, jogos, etc e tal... sério que nesse vasto mundo não existe representatividade? Claro que existe, mas o problema é que eles querem o Mainstream... só que este opera sob as frias leis do lucro, alta competitividade... Não são grupos de artistas livres, são empresas, krl.

E essas empresas respondem ao público - Existe toda uma conversa sobre minorias, mas vamos focar nas mulheres:
O discurso de representatividade é lindo, mas na prática não compensa colocá-la em tudo. Existem jogos que são feitos pra nos desligar da realidade - não quero remorso enquanto dou head shots, saca? - e pra preservar essa experiência, eu não quero pensar que estou atirando numa pessoa, logo, quanto menos profundidade ela tiver, melhor.

Por incrível que pareça, sim, a ideia de atirar numa mulher, mesmo num joguinho FPS com gráficos ultrapassados, me incomoda - mas tem pessoas que distorcem o discurso pra rotular qualquer um que seja contra a inclusão de mulheres em certos tipos de jogo como vilões nojentos.

==//==

Já no meu jogo as mulheres estão super bem representadas: protagonistas, coadjuvantes, NPCs tbm ^^ Tô até pensando em criar algum diálogo com uma delas...

CitarJá no meu jogo as mulheres estão super bem representadas: protagonistas, coadjuvantes, NPCs tbm ^^ Tô até pensando em criar algum diálogo com uma delas...

   Também acredito que elas estão bem representadas no meu projeto. A meu ver, qualquer introdução de personagens diferentes das representações usuais (homem, branco, heterossexual e blá, blá, blá) deve ser espontânea e natural. Foi exatamente isso o que aconteceu com as minhas personagens. Trata-se de saber aproveitar distintas possibilidades criativas e, desse modo, construir outras representações. O protagonista mesmo do meu projeto não é um herói à maneira clássica, ele não é forte, não é belicoso e não é um galã pegador, mas todas essas escolhas tem um propósito dentro da filosofia por trás do enredo, isto é, não se trata de mero capricho ou adequação ao politicamente correto. Eu apenas decidi contar uma outra história e dar voz a um outro tipo de "herói". E é nisso que quem fala em representação deveria focar não em exigir cota e fazer birra porque, sei lá, o Homem de Ferro não é negro.
"A arte é o que resiste: ela resiste à morte, à servidão, à infâmia, à vergonha." (Gilles Deleuze)

Citação de: Corvo online 20/10/2018 às 08:53
[...] Pegando algo mais específico, quem não ficaria p. da vida se a Nintendo lançasse um Metroid substituindo Samus por Sam? Quem não se irritaria se Lara Croft se tornasse Lars? E para os que gostam de séries antigas, não me venham falar de uma releitura de Xena sem a própria. Não, não é aí que está o problema.

[...]

Segundo, há alguns anos eram lançados jogos sem absolutamente nenhum personagem feminino e, pasmem, não fazia diferença alguma. Antes de me processarem e xingarem minha mãe, eu estou falando de jogos de ação como praticamente qualquer joguinho de tiro do PS1 pra lá. Encontrem uma única matéria ou artigo da data de lançamento desses em que alguém se lamentava por não estar representado. [...]
Concordo contigo que na substituição, aí sim, eu até endossaria uma rebelião. Aproveitando do exemplo do Thor, mesmo eu que não tenho apreço nenhum pela forma como a Marvel o usa senti uma pontada no peito quando anunciaram a Thor mulher. E certamente desgosto de como lidaram com a mitologia nórdica, daí não me interessei nem em ver os filmes.
Mas o ponto é que o Thor, o Kratos, a Samus, a Lara e a Xena são personagens específicos, substituí-los realmente é um tiro no pé. Mesmo o novo God of War, que manteve o Kratos, dividiu opiniões por ter alterado o comportamento do personagem, imagina se tivessem trocado o personagem. Mas nos casos citados na matéria, não se tratam se substituições. A Taliyah foi uma personagem nova, em Battlefield e Total War são personagens randômicos, que em uma próxima jogatina tu provavelmente nem verá novamente.

Quanto a antigamente essa representatividade não fazer falta, acho que muito também deve-se ao alcance que essa mídia tinha. Eu confesso que nem me passava pela cabeça esse assunto, e a primeira vez que me questionei por algum jogo que tivesse um personagem negro foi há dez anos atrás. Mas com o passar do tempo, esse entretenimento vai chegando a mais mãos, mais gostos, aí acho que a demanda de gostos varia mais. Certamente antigamente não valeria a pena desenvolver algum jogo voltado exclusivamente para o público feminino, por exemplo, hoje, por esse público ser maior, já vale.
Tive uma amiga que, pelo que me lembro, só jogava jogos com personagens mulheres (Tomb Raider, Mirror's Edge... Dragon Age, Mass Effect e Skyrim em que se podia criar o personagem feminino). Infelizmente não abordei com ela esse assunto, mas imagino que se sinta melhor representada jogando com uma mulher.

Agora, acho que temos um consenso de que: colocar as personagens só por colocar não adianta em nada, muito pelo contrário.

Não entendi uns papos aí sobre trocar personagens masculinos famosos por femininos, então vou ignorar essa parte e partir pra minha opinião:

Bem, eu sou mulher e desde nova sempre me incomodei com não terem muitas mulheres legais nos jogos e animes que eu assistia. Queria que elas fossem protagonistas complexas, que pudessem ser bobas, burras, inteligentes, feias, bonitas, épicas, e as minhas favoritas.
A oposição à personagens femininas que não cumprem a "função" de "agrado ao público masculino", de secundária ou par romântico de outro personagem mais importantes incomoda certos segmentos da comunidade gamer. Isto é fato, como apresentado na própria matéria.

Eu gosto de me sentir representada. Não sei vocês, mas eu gosto. Eu acho representatividade algo importante para que as pessoas tenham um pouco mais de empatia e conhecimento do mundo do próximo. Não, não acho que seu momento de lazer tem que virar um momento de reflexão social, no entanto, considerando o jogo como uma forma de expressão artística (diria até que isso é mais claro quando falamos de jogos indie), por vezes esse tipo de questionamento se faz necessário, ainda mais quando se trata de um jogo com uma história e contexto.

O processo de criação de personagens, principalmente de rpg, sempre foram um tanto mecânicos. Por que o homem, hétero, branco portador de uma espada? Por que não pode ser uma mulher negra que usa um arco? O que eu quero dizer é, que esse (entre muitas aspas) "sexismo" é algo automático implantado por anos de protagonistas que raramente divergiam dessa definição.
Por que personagens diversificados muitas vezes só aparecem em contextos específicos (como um jogo sobre o período escravocrata, ou que se passe na África)? Isso é algo que merece ser questionado.

Não. Não acho que você tem que ter uma cota para personagens representativos na sua obra. O que eu acho é que você deve permitir que a diversidade surja...tanto nas suas obras, quanto nas alheias. Permita que um protagonista seja branco, negro, gordo, magro, alto, baixo, pardo, mulher, homem, assexuado, gay, bi, humano, alien, ou o que seja. Afinal, histórias novas precisam de personagens novos.


27/10/2018 às 11:26 #10 Última edição: 27/10/2018 às 11:32 por Manec
Gif de anime? Quem é esse Gerar?

Eu acho a Taliyah muito bonita, poxa  :hiding:

Brincadeiras a parte, eu sempre senti falta de uma conversa aqui sobre isso. Eu não sei como é com as outras pessoas, mas a presença de mulheres em séries e filmes, em sua maioria, me incomoda bastante. E espera, eu estou concordando com a matéria :V

É um clichê simples querer representar dois tipos de mulheres: as muito fortes, destemidas, corajosas, heroínas. Em contramão, temos as donzelas indefesas que precisam do protagonista pra tudo. No primeiro caso, o personagem é tão limitado... os problemas dela, as coisas ruins que acontecem, são cruas. Eu vi esse formato em muitos lugares, muitos lugares. É tão ridículo.

Personagens que são humanos me cativam, e isso vem aparecendo melhor nos tempos atuais. Na série Gotham, se você notar, a única personagem feminina realmente notável é a Fish Mooney, porque as outras são sem-sal demais.

Lembram da Joyce Byers? Ela era insuportável, né? Ela era um caso de mãe que faz tudo pelo filho, mas cara. Existem pessoas insuportáveis, e ela foi se tornando mais humana conforme passava a série. Então mesmo a maioria das pessoas detestando ela, eu a adoro.

Então eu acho que é uma via de mão dupla. Os criadores de conteúdo fizeram um padrão que agrada as pessoas, um padrão simplório, cara. Um padrão pobre. Em resposta, os consumidores rejeitam aquilo que tá fora do padrão. É normal, eu acho. Mas eu não gosto disso.

Enfim, falei demais. Desculpa <3




Andei lendo comentários, vou completar aqui ksksk

Lone, isso é muito verdade, e e nunca tinha pensado. Mulheres em histórias de mulheres, negros em histórias de negros. Como eu disse, isso vem mudando, mas é algo que realmente incomoda.

E sobre representatividade, também concordo contigo, mas queria acrescentar algo. Não me identifico com um personagem porque ele tem a mesma cor que eu, nem porque é do mesmo sexo que eu. Nem porque gosta das mesmas coisas, definitivamente não. A gente se identifica com um personagem pelos conflitos dele, a jornada, né? Tá aí o motivo de eu me identificar muito mais com certas personagens femininas.

Falei demais de novo ._.

:silencio:

Apesar de eu entender a opinião do Corvo e de outros aqui, eu acredito que eu esteja mais pro outro lado da balança. Sim, eu sei como os SJW podem ser mimizentos, birrentos e chatos demais. A turma do lacre é, muitas vezes, responsável por distanciar ainda mais o grande público de suas causas. ENTRETANTO, o mesmo vale pro lado oposto. Os exemplos citados no post original são de personagens NOVAS, não de alterações,  e mesmo assim ainda se tem um enorme número de reclamações. Não estou tentando diminuir o descontentamento do público, mas sabemos que boa parte disso é pura implicância/resistência à mudança.

Falando um pouco sobre substituições de personagens (embora esse não seja o assunto do tópico), eu concordo com a maioria do que foi dito. Eu odiaria se trocassem a Xena, a Lara Croft, o Indiana Jones, odiei a ideia da Vanessa Helsing e odiaria a troca de gêneros de personagens como esses. Mas vamos pegar como exemplo o Doutor, em Doctor Who (que é minha série favorita caso não esteja óbvio). O personagem já foi interpretado por 13 homens desde sua criação. Ele foi estabelecido como um homem branco. Os fãs o amam como um homem branco. Entretanto, ele é um alienígena metamorfo e dentro do cânone da série já foi estabelecido que a raça dele pode trocar de gênero após uma regeneração. Existe a discussão sobre uma atriz interpretar o papel desde a era do QUARTO doutor, nos anos 70. 55 anos depois do início da série, finalmente tomam a decisão e colocam uma atriz pra fazer o papel. O mundo acabou, doctor who virou a pior série do mundo, uma porrada de gente disse que não iria mais assistir, que os SJW acabaram com Doctor Who, que a esquerda, o PT, os comunistas aaaaaaaaaaa.

Lembrando que tudo isso era previsto dentro do canon da série e já havia ocorrido com outros personagens e sido citado em diversas mídias diferentes. É fato que ainda existe MUITA implicância com qualquer tipo de representatividade, seja ela através de mudanças ou através de novos personagens. Se fazem mudanças, criticam por mudar algo estabelecido. Se criam um personagem novo, surgem diversos problemas, diversos questionamentos que não existiriam caso o personagem seguisse o "padrão".

Por que eu preciso de um MOTIVO pra inserir uma personagem feminina, ou negra, ou feia? Por que esses personagens não podem simplesmente existir no meu universo? Esqueça a precisão histórica, vamos falar de uma história acontecendo em 2018. Se eu falo que minha história tem um protagonista negro, mulher, gay, bi, trans, feio, gordo, magrelo ou qualquer coisa fora do padrão, logo sou questionado sobre o "motivo". Se meu personagem fosse alto, loiro, olhos azuis, musculoso e hétero ele não precisaria de um motivo para existir?

E sobre o fato de "antigamente ninguém reclamava", eu nem sei o que dizer. Os tempos mudam. Hoje em dia mais pessoas tem acesso a essas mídias e passaram a ser consumidoras também. Seguindo essa lógica, antigamente a igreja mandava matar quem não seguisse suas regras e ninguém reclamava. Nós sempre vamos achar algo para reclamar, sempre podemos mudar para melhor. Representatividade É importante, apesar de existir um número INCONCEBÍVEL de mimimi do lado SJW da força.

Existem radicais dos dois lados, mas isso não deve nos distrair do que realmente importa.

01/12/2018 às 19:55 #12 Última edição: 01/12/2018 às 20:24 por Lord Wallace
Citação de: Capaldeus online 01/12/2018 às 16:55
Por que eu preciso de um MOTIVO pra inserir uma personagem feminina, ou negra, ou feia? Por que esses personagens não podem simplesmente existir no meu universo? Esqueça a precisão histórica, vamos falar de uma história acontecendo em 2018. Se eu falo que minha história tem um protagonista negro, mulher, gay, bi, trans, feio, gordo, magrelo ou qualquer coisa fora do padrão, logo sou questionado sobre o "motivo". Se meu personagem fosse alto, loiro, olhos azuis, musculoso e hétero ele não precisaria de um motivo para existir?

Creio que o cerne da questão é que, no final das contas, essas são minorias que simplesmente não tem a mesma relação com a sociedade que o grupo padrão (que, no nosso caso, é o branco e hétero), e isso cria certas expectativas quando elas são inseridas em um jogo, por exemplo. No nosso dia-a-dia, cor de pele, opção sexual e gênero são fatores que influenciam como uma pessoa é vista pelas outras e interage com a sociedade, então é natural esperar que isso também se aplique (mesmo que de maneiras diferentes) dentro do universo que está sendo criado.

É verossimilhante, ou melhor, relevante, você colocar um personagem trans, gay e negro no seu jogo se ele agir ou ser visto pelo universo quase da mesma maneira que um branco de olhos azuis? A maioria das críticas que vejo em relação à "inclusão forçada" em produtos culturais de massa é exatamente essa - qual é o motivo de colocar alguém minoritário se ele não reflete as experiências daquela minoria em si? É como dar ênfase em uma Arma de Chekhov e depois simplesmente não usá-la, um baita desperdício de oportunidade.

No Steam Ex Machina, nossa protagonista é uma mulher indiana que é filha bastarda de um fazendeiro rico. A gente não adicionou isso no jogo porque "é legal", mas porque foi uma boa maneira de desenvolver a narrativa e contexto histórico que a gente queria explorar. Agora, não há motivo algum para eu especificar se ela é hétero ou lésbica, ou se ela gosta mais de gatos ou cachorros, porque isso não será abordado em momento algum durante o jogo e consequentemente não seria uma adição relevante.


01/12/2018 às 21:51 #13 Última edição: 01/12/2018 às 22:01 por Vash
Simplesmente para mim se eu me sentir bem jogando, eu não ligo mesmo se para uma grande maioria o jogo apresentar alguns aspectos citados como ter muitas mulheres, etnias diferentes, sexo explicito, mecânicas que não agradam maioria...

Já tive o pré conceito de mudanças que a mídia realizou em personagens que eu acostumei a ver quando era mais novo, cresci vendo daquela forma e quando resolvi assistir/jogar essas mídias, notei que independente das mudanças eu acabei gostando e não me importando com as mesmas, pois sendo bom que mal tem?

O pior disso tudo que aqueles que gostam ou sentem o prazer de criticar negativamente essas mudanças acabam levando outras pessoas na onda sem ter uma opinião formada sobre o assunto deixando de pessoalmente analisar/jogar/ler/assistir a obra, gerando o famoso hate na internet.
Mas lembrando que fora da internet podemos ser facilmente manipulados por opiniões e conceitos estabelecidos, quando o colega X por exemplo fala do colega Y para o Z dizendo que ele é quieto e muito sério, devia conversar mais, parece ser chato ou sem graça e sem o Z conhecer o colega Y, ele toma esse pré conceito para si e acaba deixando de conhecer ou até mesmo taxando de outras formas sem ter trocado um palavra com esse colega Y.

A sensualidade é um assunto um pouco complicado de discutir para mim, não por ser difícil no quesito de tomar o cuidado para não ofender elas no que eu falo, mas é simplesmente porque fui acostumado dessa forma quando assistia TV, via filmes, assistia desenhos, andava na rua e vias as mocinhas usando saias e shortinhos apertados gostando dos elogios feitos das suas coxas e pernas quando estão a sós. Eu concordo que é abusivo deixar uma guerreira quase semi nua indo para aventuras e guerras como se tivesse indo para praia, mas eu gosto e gosto porque fui acostumado.
Não tenho dúvidas que se hoje as roupas fossem como nas décadas passadas eu ficaria contrariado se surgisse de repente uma saia curta ou biquíni de fio dental porque naquela época as mulheres não tinham a liberdade como os homens tinham, pois a cultura era daquela forma.

Sobre a representação de mulheres, negros, indianos, norte-americanos, mexicanos, japoneses, ..., nos jogos, eu como "único" produtor ou maker não representaria fielmente ou nem colocaria se fosse obrigado pelos comentários por simplesmente não saber como montar um personagem que seja bem representativo.

2010 ~ 2016 / 2024

02/12/2018 às 01:09 #14 Última edição: 02/12/2018 às 01:12 por Capaldeus
Citação de: Lord Wallace online 01/12/2018 às 19:55
Creio que o cerne da questão é que, no final das contas, essas são minorias que simplesmente não tem a mesma relação com a sociedade que o grupo padrão (que, no nosso caso, é o branco e hétero), e isso cria certas expectativas quando elas são inseridas em um jogo, por exemplo. No nosso dia-a-dia, cor de pele, opção sexual e gênero são fatores que influenciam como uma pessoa é vista pelas outras e interage com a sociedade, então é natural esperar que isso também se aplique (mesmo que de maneiras diferentes) dentro do universo que está sendo criado.

Eu concordo muito com isso, mas no fim qualquer caminho escolhido acaba nas reclamações (lembrando que to falando dos extremos). Se você utilizar um personagem negro e fingir que o mundo "vê todos de maneira igual" e não colocar os dilemas dos negros, os SJW reclamam que você tá representando errado, os conservadores acham "fora da realidade". Se você apresentar os dilemas e colocar ele em situações que tem a ver com a origem/etnia dele, a esquerda reclama de você estereotipar o personagem, a direita reclama de você fazer "mimimi" com coisa boba.

Voltando pra Doctor who, nos episódios em que a mudança de gênero não é citada, tem gente que reclama que não tá dando a importância que a decisão merece. Quando a doutora viaja pro século XV e é tratada de maneira diferente, os outros falam que é mimimi. É impossível agradar a todos e SEMPRE vai haver reclamações de x, y ou z. O lance é fazer algo que faça sentido pra você e esperar que alguma audiência se conecte com aquilo.

Mas reforçando, eu CONCORDO com o que tu disse kkkk.

Citação de: Vash online 01/12/2018 às 21:51
Simplesmente para mim se eu me sentir bem jogando, eu não ligo mesmo se para uma grande maioria o jogo apresentar alguns aspectos citados como ter muitas mulheres, etnias diferentes, sexo explicito, mecânicas que não agradam maioria...

Já tive o pré conceito de mudanças que a mídia realizou em personagens que eu acostumei a ver quando era mais novo, cresci vendo daquela forma e quando resolvi assistir/jogar essas mídias, notei que independente das mudanças eu acabei gostando e não me importando com as mesmas, pois sendo bom que mal tem?

O pior disso tudo que aqueles que gostam ou sentem o prazer de criticar negativamente essas mudanças acabam levando outras pessoas na onda sem ter uma opinião formada sobre o assunto deixando de pessoalmente analisar/jogar/ler/assistir a obra, gerando o famoso hate na internet.
Mas lembrando que fora da internet podemos ser facilmente manipulados por opiniões e conceitos estabelecidos, quando o colega X por exemplo fala do colega Y para o Z dizendo que ele é quieto e muito sério, devia conversar mais, parece ser chato ou sem graça e sem o Z conhecer o colega Y, ele toma esse pré conceito para si e acaba deixando de conhecer ou até mesmo taxando de outras formas sem ter trocado um palavra com esse colega Y.

A sensualidade é um assunto um pouco complicado de discutir para mim, não por ser difícil no quesito de tomar o cuidado para não ofender elas no que eu falo, mas é simplesmente porque fui acostumado dessa forma quando assistia TV, via filmes, assistia desenhos, andava na rua e vias as mocinhas usando saias e shortinhos apertados gostando dos elogios feitos das suas coxas e pernas quando estão a sós. Eu concordo que é abusivo deixar uma guerreira quase semi nua indo para aventuras e guerras como se tivesse indo para praia, mas eu gosto e gosto porque fui acostumado.
Não tenho dúvidas que se hoje as roupas fossem como nas décadas passadas eu ficaria contrariado se surgisse de repente uma saia curta ou biquíni de fio dental porque naquela época as mulheres não tinham a liberdade como os homens tinham, pois a cultura era daquela forma.

Sobre a representação de mulheres, negros, indianos, norte-americanos, mexicanos, japoneses, ..., nos jogos, eu como "único" produtor ou maker não representaria fielmente ou nem colocaria se fosse obrigado pelos comentários por simplesmente não saber como montar um personagem que seja bem representativo.

Sensatíssimo.